O deputado Alcides Sakala, porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), falava à Lusa quando decorrem, a partir de hoje e até domingo, as reuniões preparatórias, provinciais, para a próxima sessão ordinária da comissão política do partido, que deverá ter lugar "na primeira semana de dezembro".
"O partido não está em crise, antes pelo contrário, está fortificado, mais unido e coeso e ele [Isaías Samakuva, líder da UNITA] está dentro do seu mandato, que termina em 2019. É esta a tendência, de poder continuar até terminar o mandato, mas tudo será analisado nesta reunião da comissão política", indicou Alcides Sakala.
Vários históricos daquele antigo movimento independentista admitiram nas últimas semanas a possibilidade de concorrerem à liderança do partido fundado por Jonas Savimbi, incluindo o seu próprio filho e atual deputado da UNITA, Rafael Massanga Savimbi, entre outros.
A 27 de setembro, o presidente da UNITA, Isaías Samakuva, anunciou que pretende abandonar a liderança, colocando o seu lugar à disposição no arranque de um novo ciclo político em Angola, após as eleições gerais angolanas de agosto, em que o partido ficou no segundo lugar.
"Afirmei aos angolanos, antes e durante a campanha eleitoral, que depois das eleições deixaria o cargo de presidente da UNITA para servir o partido numa posição diferente [concorria a Presidente da República]. Mantenho e reafirmo esta decisão", disse hoje Isaías Samakuva, que falava então na abertura da quarta reunião ordinária da Comissão Política do Comité Permanente da UNITA, nos arredores de Luanda.
Isaías Samakuva foi eleito presidente do partido em 2003, na sequência da morte em combate, no ano anterior, do líder e fundador da UNITA, Jonas Savimbi, o que levou ao fim da guerra civil de quase 30 anos em Angola.
Entretanto, João Lourenço foi empossado a 26 de setembro como terceiro Presidente da República de Angola, após a vitória (61%) do MPLA nas eleições gerais de 23 de agosto, sucedendo a 38 anos no poder de José Eduardo dos Santos.
O líder do maior partido na oposição em Angola, o segundo mais votado nas eleições gerais, que viu o número de deputados eleitos quase duplicar, para 51, defendeu antes que "é chegado o momento de se desencadear um novo processo conducente a materialização da sua decisão", propondo por isso a realização de um congresso extraordinário.
A decisão cabe à comissão política do partido, que segundo o porta-voz da UNITA pode tentar convencer Isaías Samakuva a cumprir o mandato até ao final.