Vem isto a propósito da casa imunda - que é como Luaty Beirão chama a Angola - e da limpeza conduzida por João Lourenço nestes primeiros 50 dias na presidência da república.
A quebra do preço do petróleo expôs o modelo económico assente quase totalmente nesta única fonte de receita - e um país a cair de podre -, contribuiu para o aumento das tensões internas no país, mesmo dentro do MPLA, onde nem todos gostaram da promoção de Isabel dos Santos para a pré-falida Sonangol, nem tão-pouco da dependência da ajuda de Pequim ou de terem visto o FMI meter o bedelho.
Mas foi isto que permitiu a transição suave: João Lourenço pôde agora fazer como quis graças à crise, da mesma forma que se não fosse a crise, José Eduardo dos Santos ainda estaria sentado na cadeira da república a olhar para a miséria do povo, enquanto cobria a cara com saliva para fingir que chorava. (Correio da Manhã)