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Ética, por favor - Jornal de Angola

30 Novembro, 2017

Uma sociedade que se pretende construída na legalidade democrática deve fundamentar os seus valores, numa ética em que sejam salvaguardados princípios de convivência sã entre os seus cidadãos, independentemente da origem de classe ou estatuto.

O conflito armado que o País viveu levou a radicalizações na sociedade angolana, e ao desrespeito elevado ao absurdo no relacionamento entre cidadãos, muitos deles familiares próximos.

A preocupação do então Presidente da República José Eduardo dos Santos foi tentar resgatar os valores de respeito, solidariedade e harmonia social, muitos deles perdidos no conflito militar e na desarticulação de toda a economia, onde emergiu um capitalismo selvagem e desregulado. O seu esforço foi pautado pela necessidade de construir uma sociedade de valores democráticos onde a liberdade, o respeito pela diferença, a aceitação do contraditório fossem alguns dos “caboucos” de uma sociedade nova, tantas vezes propalada no discurso oficial, e a maior parte das vezes ignorada na prática quotidiana.

Vivem-se estados de depressão fruto da situação económica do País, mas também se vivem tempos esperançosos, e que o novo governo eleito pelos cidadãos possa promover o bem-estar prometido há tanto tempo, que apenas alguns usufruem, nalguns casos de forma até ostensiva!

Não queremos chamar o “colonialismo”, para se fazer uma cortina de fumo sobre os nossos erros e as nossas indefinições nas propostas de modelo económico que queremos para o País. Importa, contudo, salientar que foi na luta anticolonial que se forjaram amizades, cumplicidades, solidariedades que permitiram fazer nascer um País convictamente afirmativo numa comunidade de Países que olhava a nossa independência com desconfiança.

Aí forjou-se a unidade, às vezes partilhando o quase nada, mas assim nos fomos fazendo gente, e esperançadamente esperávamos o melhor do que temos.

Foi um pouco por causa de sermos solidários com pouco é que foi possível ultrapassar o que a grande maioria dos Países africanos ainda desconseguiu, a eliminação do tribalismo.

Essa lição tem que estar presente no nosso quotidiano, e os privilégios de ostentação e de fortunas pessoais turbo-acumuladas não podem servir em circunstância alguma para as pessoas se colocarem em manifesta superioridade perante o cidadão comum, que sofre um quotidiano de miséria e que cada vez mais descrê das instituições.

O “Jornal de Angola” é um órgão de informação de uma empresa pública e procura no novo ciclo político não ser caixa de ressonância de cidadãos ou grupos económicos que querem fazer prevalecer alguma iniquidade, num indesejável quotidiano de promiscuidade entre o público e o privado.

Damos a voz aos cidadãos. Iremos melhorar a forma para que essa voz seja plural, dentro de um quadro de salvaguarda de responsabilidade inerente à liberdade plasmada no nosso quadro constitucional. O “Jornal de Angola” tem uma linha editorial e pretendemos não transigir, mas se o fizermos estamos disponíveis para aceitar as críticas, que nos irão enriquecer.

Não parece adequado que se responda a um editorial, colocando o texto de resposta numa rede social, sem que tenha havido o cuidado de se publicar o artigo que motivou a indignação da Engª Isabel dos Santos. Achamos desleal essa postura, manifestamente uma posição reprovável por parte de quem o fez!

As redes sociais são um fenómeno recente e são locais de liberdade, mas com a responsabilidade inerente, principalmente neste caso que estamos perante uma figura pública, ex-presidente do Conselho de Administração da maior empresa nacional e, segundo a revista norte-americana “Forbes", a  maior fortuna de África.

Pensamos que há responsabilidades acrescidas e o texto publicado nas redes sociais poderia ser publicado nas folhas deste jornal desde que cumpridos os artigos 73º e seguintes da Lei de Imprensa 1/17, algo que não aconteceu. Ainda assim, e no respeito da lei, damos à estampa, em tempo útil, ao direito de resposta chegado à nossa redacção na noite de anteontem, já com a edição encerrada.

Sobre o extenso comunicado divulgado nas redes sociais muito se poderia apontar, mas não é muito importante para o “Jornal de Angola” e seu diretor andar a fazer chicana na praça pública, sobre um assunto que porventura terá algo de capcioso.

O “Jornal de Angola” assume-se com o objetivo de informar e se puder ajudar a um esforço conjunto para melhorar a democracia fazendo-o com verdade e liberdade é uma vitória de que no futuro nos orgulharemos.

O resto são detalhes pontuais que aparecem no quotidiano dos profissionais da comunicação social e que não releva em nada o essencial: Informar com verdade!

Jornal de Angola

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