Os restos mortais de Jonas Savimbi, morto em combate a 22 de Fevereiro de 2002, foram enterrados no dia seguinte, no cemitério municipal da cidade do Luena, sede provincial do Moxico.
O político falava ao Jornal de Angola, em reacção a um comunicado do Ministério do Interior, divulgado terça-feira, em resposta às declarações do presidente da UNITA, Isaías Samakuva, que acusou o Executivo de estar a impedir a realização de um funeral condigno de Jonas Savimbi.
Isaías Samakuva, que falava sexta-feira última na cerimónia que assinalou o aniversário natalício de Jonas Savimbi, voltou a acusar o Estado angolano de manter Savimbi preso, mesmo depois de morto.
Em reacção, o Ministério do Interior recordou que o líder da UNITA escreveu, a 11 de Dezembro de 2014, uma carta ao então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a solicitar um interlocutor do Governo no processo de exumação e inumação dos restos mortais de Savimbi.
Segundo o comunicado, o então Chefe de Estado havia indicado o Ministério do Interior a representar o Governo no processo, enquanto a UNITA seria representada pelo então seu vice-presidente, Ernesto Mulato, na sua qualidade de coordenador da comissão das exéquias do líder-fundador da UNITA.
A nota precisa que o ministro do Interior reuniu-se, em Maio de 2015, com o vice-presidente da UNITA, Ernesto Mulato, acompanhado dos integrantes da comissão, incluindo um dos filhos de Jonas Savimbi, Rafael Savimbi.
“No encontro, a delegação da UNITA apresentou um caderno de encargo sobre as exéquias do Dr. Jonas Savimbi, que previa actividades até ao primeiro trimestre de 2016, e manifestou que fossem realizadas diligências no sentido de ser localizado o sítio onde foi enterrado o general (António) Dembo, bem como apresentar o cidadão que dizia que conhecia o local”, indica o comunicado.
O Ministério do Interior afirma, no seu comunicado, que isso não aconteceu, “não obstante terem ocorrido outros encontros, quer com o presidente Samakuva, com o vice-presidente Raul Danda, com o presidente da Bancada Parlamentar da UNITA, Adalberto Costa Júnior, entre outros, para a abordagem de questões pontuais”.
No comunicado, o Ministério do Interior volta a manifestar a sua disponibilidade de continuar a tratar do assunto, nos termos da orientação política do Executivo e dos resultados dos encontros mantidos com a direcção da UNITA.
Neste quadro, o Ministério do Interior escreveu, na mesma terça-feira, ao presidente da UNITA, a dar conta da sua disponibilidade em que o processo seja retomado.
Num outro sentido, o Ministério do Interior disse que a direcção da UNITA não enviou os documentos referentes ao processo, que não aborda o assunto no mecanismo da comissão criada e que, provavelmente, o então vice-presidente da UNITA, Ernesto Mulato, não tenha transferido o processo para o actual vice-presidente, Raul Danda.
Ao Jornal de Angola, Alcides Sakala Simões confirmou que a comissão, do lado da UNITA, continua a ser coordenada por Ernesto Mulato. “Vamos tomar novas iniciativas”, prometeu.