Em declarações hoje à agência Lusa, o vice-presidente da UNITA, Raul Danda, disse que prossegue o diálogo com o Governo angolano relativamente aos procedimentos e às datas concretas de exumação e inumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, morto em combate, na província angolana do Moxico, a 22 de fevereiro de 2002, onde foi sepultado.
Raul Danda frisou que na quarta-feira realiza-se uma reunião da comissão organizadora do partido para as exéquias fúnebres, que vai continuar a tratar deste processo.
"Tudo aponta para abril, para a primeira semana de abril, para que isto ocorra", disse o vice-presidente da UNITA.
Segundo o dirigente do partido do "galo negro", nos próximos dias será tratado o ato de exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, que permanecem, segundo o Governo angolano, no cemitério do Luena, Moxico, e será ainda realizado o exame de DNA, até porque, recordou, o partido, como tem "reiteradas vezes" afirmado, quer "receber o corpo de Jonas Savimbi e não um outro qualquer".
"E vai se fazer os procedimentos para que o corpo nos seja entregue, ao mesmo tempo que o Governo cuida das questões de assegurar que nós temos condições de segurança para podermos fazer a inumação em Lopitanga, no Bié, onde o resto da família repousa e onde, por vontade do Dr. Savimbi, também irá repousar ao longo dos anos", salientou.
Relativamente às honras de Estado recusadas pelo Governo angolano, Raul Danda disse que o partido nunca solicitou ao Governo honras militares ou de Estado aos governos do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos ou ao atual, João Lourenço.
O Governo garantiu no início deste mês que estão criadas as condições para a exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, mas avisou que o funeral não terá honras de Estado, "uma vez que o antigo presidente da UNITA não pertencia à família governamental quando faleceu".
"Consideramos que o Dr. Savimbi não cabe só na UNITA, em Angola, na região austral de África, Dr. Savimbi cabe na África inteira e no mundo", considerou o vice-presidente da organização política, lamentando que a recusa tenha vindo da parte do Governo, que deve primar pela reconciliação nacional e inclusão dos angolanos.
"Se calhar viria o próprio executivo, primeiro, para dizer que em nome da reconciliação nacional, em reconhecimento que este homem, ao nível de Agostinho Neto e Holden Roberto, deram tudo para que este país fosse uma República, fosse uma pátria independente, uma nação independente, se calhar fosse o executivo que iria propor que houvesse essas honras, porque de facto o Dr. Savimbi merece", disse.
Contudo, garante que a UNITA a tem a certeza que Jonas Savimbi receberá "todas as honras que merece, dadas por milhões de angolanos e até por estrangeiros que hão de reconhecer o trabalho que fez".