O empreendimento construído no município de Belas, nos arredores de Luanda, segundo o diretor-geral do Serviço de Inteligência Externa de Angola, José Luís Caetano de Sousa, visa dar formação em serviços de informação a quadros de instituições estratégicas do Estado angolano, sobretudo as que lidam com o estrangeiro, sendo-lhes ministrados os princípios dos modos de ser e de estar em missões de serviço de Estado no exterior do país.
A academia, que tem já acordos de cooperação com Portugal e Cuba, perspetivando-se também com universidades do Brasil, Espanha, França e África do Sul, tem os cursos de mestrados em Globalização e Segurança, em Direito, Segurança e Inteligência, em Economia e Finanças Internacionais, em Segurança de Redes de Comunicação, pós-graduações em Inteligência Estratégica, em Inteligência e Estudos de Segurança.
A academia tem ainda cursos de Língua Inglesa e Francesa, cursos de línguas regionais Lingala e Suaíli, prevendo-se ainda, no âmbito da cooperação com serviços homólogos da região, a formação de especialistas, incluindo em Língua Portuguesa.
Além dos cursos existentes, está previsto nos próximos três anos a inserção de cursos de mestrado nas áreas de Engenharias, Ciências Sociais, formações avançadas nas áreas de Inteligência e Segurança do Estado, bem como doutoramentos.
"A partir daí, a previsão será abrir o acesso ao público, como forma de aumentar rentabilidade, sendo também possível a rentabilização mais cedo de parte do hotel, refeitório, cafetaria, área desportiva e de preparação de tiro", referiu José Luís Caetano de Sousa.
A construção destas instalações, enquadrada no programa de investimento público, foi executada pela empresa chinesa CEIEC, no valor total de 72.998.580 de dólares (65,4 milhões de euros), dos quais 90% por financiamento externo, via Eximbank da China, e 10% via recursos ordinários do tesouro do Ministério das Finanças.
José Luís Caetano de Sousa referiu que o empreendimento foi edificado num espaço considerado reserva do Estado, mas que tem sido objeto de reivindicações por parte de camponeses, que reclamam por indemnizações no valor global de 266 milhões de kwanzas (729,5 mil euros, ao câmbio atual).
Segundo o diretor-geral do Serviço de Inteligência Externa angolano, a academia é um órgão dependente da unidade orçamental do serviço de inteligência externa, que conta com a dotação orçamental, porém há necessidade de um reforço orçamental de cerca de 14 milhões de kwanzas (38,4 mil euros) mensais para suporte de despesas de manutenção das instalações.
Apesar de o contrato ter previsto o apetrechamento do edifício, há necessidade de equipamentos técnicos de laboratórios, nomeadamente de biomedicina, química e informática.
"Para a conceção e estruturação de uma instituição com estas características foram considerados como basilares os seguintes indicadores: contexto global do mundo cada vez mais influenciado pelo desenvolvimento científico e tecnológico, caráter cada vez mais complexo e agressivo das formas de manifestação das ameaças transversais à geopolítica mundial e a realização de crimes transnacionais", salientou.
A necessidade de superação profissional permanente, em correspondência com a dinâmica das alterações das ameaças, a urgência em dotar os serviços de informação angolanos de quadros com a capacidade científica que potenciem as suas necessidades técnico-profissionais, a contribuição destes serviços para a avaliação dos fenómenos de natureza diversa com impacto na geopolítica mundial e no desenvolvimento científico e tecnológico do país, foram, igualmente, tidos em consideração na criação da academia.