Isaías Samakuva falava hoje à imprensa, no final do ato de tomada de posse dos novos deputados, depois de ter anunciado, na quarta-feira, que deixará a presidência do partido, por vontade própria.

"Vou continuar deputado, creio que tudo dependerá da condução do processo do congresso, possivelmente esteja aqui algumas semanas, mas se calhar vou ter de suspender por alguns meses ou por algumas semanas, até que o congresso se realize", disse Isaías Samakuva.

O político não avançou qualquer data para a realização do congresso extraordinário, referindo que o estatuto do partido estabelece que os congressos da UNITA têm de ser realizados no mínimo quatro meses depois de serem convocados.

"A Comissão Política é obrigada pelos estatutos a pronunciar-se, significa que vamos ter de organizar a Comissão Política, que deverá pronunciar-se no que diz respeito à realização desse congresso e deixar passar quatro meses pelo menos. Espero que isso tudo seja feito no mais curto espaço de tempo", frisou

Questionado sobre se poderá ser candidato à presidência na eventualidade de alguma pressão dos militantes, Isaías Samakuva referiu que se assim for "não há necessidade de se realizar o congresso extraordinário".

"Se eu tiver de ser candidato é melhor ir até ao fim do meu mandato, o mandato termina em 2019. Se houver pressão diferente - espero que também seja respeitada a minha vontade -, mas se houver, nessa altura, não há necessidade de se realizar o congresso extraordinário", salientou.

O líder da UNITA referiu ter solicitado ao partido a realização do congresso extraordinário especificamente para este caso, esperando que "isso seja feito".

Sobre os motivos que o movem na pretensão de deixar a liderança do maior partido da oposição angolana, Isaías Samakuva negou qualquer pressão interna, sublinhando que há dois anos foi eleito em congresso presidente da UNITA com 82% dos votos.

"Portanto, não pode haver pressão. A derrota nessas eleições, não sei se é derrota ou se é outra coisa, (também) não é por ali", disse

"Eu estou agora, quase, com 15 anos à frente do partido e tenho de ver também a minha idade, a minha família e outros afazeres. Vamos continuar no partido, com a mesma energia, com a mesma motivação, mas noutras funções", referiu.

A UNITA elegeu nas eleições de gerais de 23 de agosto 51 deputados à Assembleia Nacional, que tomaram hoje assento no parlamento, sendo o deputado mais novo desta legislatura, Manuel Armando Ekuikui, 28 anos, daquela bancada parlamentar.