A posição foi assumida pelo ex-Presidente da República no discurso de abertura da IV reunião ordinária do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que se realiza durante todo o dia de hoje em Luanda, essencialmente para analisar assuntos da vida interna do partido.
Trata-se da primeira reunião do órgão máximo do MPLA entre congressos, após as eleições gerais de 23 de agosto último, às quais José Eduardo dos Santos já não se recandidatou, ao fim de 38 anos no poder. Sucedeu-lhe nas funções João Lourenço, que foi cabeça-de-lista do MPLA, empossado a 26 de setembro no cargo de Presidente da República.
"Essa vitória nas urnas, que possibilitou uma transição política, pacífica e ordeira ao nível do aparelho do Estado, leva-nos a sublinhar a importância de reforçarmos a organização, a disciplina e a unidade do nosso partido. São esses valores que asseguraram o funcionamento e a dinâmica da vida política do MPLA e nos permite trabalhar em conjunto na materialização dos objetivos contidos no programa do MPLA e na moção de estratégia do líder, com vista a criarmos uma sociedade mais solidária, mais justa e mais coesa", apontou.
Numa altura em que o Governo angolano já está em funções, além de João Lourenço e Bornito de Sousa, respetivamente Presidente e vice-Presidente da República, com 32 ministros e 50 secretários de Estado, José Eduardo dos Santos aproveitou o discurso de abertura da reunião de hoje para recordar que o partido está comprometido com os desígnios reunidos na moção que levou ao congresso de agosto de 2016, que o reelegeu como líder do MPLA.
"Com efeito, a unidade de pensamento e de ação do partido concorre também para a criação de condições para tornar factível o nosso lema, que é 'Corrigir o que está mal e melhorar o que está bem', por forma a que os cidadãos, os trabalhadores e as famílias usufruam dos seus direitos, tenham acesso aos bens fundamentais, participem socialmente e sejam protagonistas das suas próprias vidas e das sociedades em que se inserem. Isto é, sejam no fundo cidadãos autónomos e responsáveis", disse ainda.
"É neste contexto que esta reunião [do Comité Central] vai analisar o plano geral de atividade do partido para o ano de 2018, ciente de que o trabalho político do partido desemboca sempre num processo eleitoral e por essa razão deve ser permanente e não sofrer interregnos, adaptando-se apenas aos momentos concretos que o país vive", acrescentou.
Contudo, numa intervenção de cerca de sete minutos, José Eduardo dos Santos, de 75 anos, não abordou qualquer prazo para deixar a presidência do MPLA, através da marcação de um congresso extraordinário, depois de há um ano e meio ter adiantado que em 2018 pretendia deixar a vida política ativa.
Angola vive uma profunda crise financeira, económica e cambial, decorrente da forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo, que se regista desde finais de 2014.
Da agenda de trabalhos desta reunião do Comité Central constam pontos como a apreciação do projeto de orçamento geral do partido para 2018 e ajustamentos aos instrumentos da comissão de disciplina e auditoria, entre outros.