"As pessoas dizem que a criminalidade é muito alta, não é verdade. Eu assumo como ministro que não é verdade", disse hoje, durante o encontro de auscultação e concertação com a sociedade civil sobre a segurança pública, em Luanda.
Durante o encontro, o governante considerou Angola como "um país abençoado", porque, explicou, "mesmo em tempo de crise, em que muitas pessoas perderam emprego, agravada com a falta de iluminação pública, os índices de criminalidade mantiveram-se inalteráveis".
Para Ângelo da Veiga Tavares, "a base que se utiliza para determinar se o nível de criminalidade é alto, é principalmente a faixa média alta da população", em termos de sentimento popular. "Enquanto não tocar essa classe, figuras públicas, não há criminalidade, mas quando toca aí [numa alusão ao recente homicídio de uma apresentadora da Televisão Pública de Angola (TPA)], dizem que a criminalidade é muito alta", explicou.
Contudo, assumiu a "grande preocupação" das autoridades "com o cidadão comum e com os pequenos roubos".
"E é por aí onde devemos medir a criminalidade, porque as cifras criminais em Angola não são muito altas, Luanda é um caso particular e eu digo que a nossa guerra é com Luanda", observou.
Durante o encontro, que congregou diversos atores da sociedade civil, o governante revelou que "os crimes mais violentos em Angola são cometidos por cidadãos estrangeiros", porque, sublinhou, "o angolano, por regra, é uma pessoa de bem".
"Alguns até têm o bilhete de identidade angolano, mas não são angolanos. Tivemos algumas experiencias no passado recente com cidadãos prófugos de outros países vizinhos que veem cometer crimes em Angola", apontou.
"Comunidade Participativa, Segurança Garantida" foi o lema do encontro promovido pelo Ministério do Interior e pelo Governo da Provincial de Luanda, numa altura em que crescem entre a população preocupações sobre segurança pública na capital angolana.
Ângelo de Veiga Tavares alertou, ainda, para a existência de "pessoas que usam as redes sociais com o propósito de criar o pânico e semear o medo" na população.
"A maior parte das informações que circulam nas redes sociais sobre segurança não são verdadeiras, algumas são, mas grande parte não é. Temos de estar atentos", alertou.
O ministro que tutela as forças de segurança angolanas assumiu que existe atualmente um "fraco policiamento" no período noturno em Luanda, exortando os efetivos da polícia a trabalharem mais de noite, porque o "Estado paga 30% de subsídio de risco".
"Daí que quero ver mais polícia na rua de noite do que de dia. Muitas vezes, saímos de uma atividade familiar e passamos por Luanda quase toda e não vemos nenhum polícia", afirmou Ângelo de Veiga Tavares.
Na sua intervenção, o ministro do Interior defendeu a implementação nos bairros do "Serviço de Vigilância Comunitária", ao abrigo da Lei sobre o Funcionamento das Comissões de Moradores, para resolução dos problemas de segurança pública.
"Ou seja, não se pode deixar a resposta da segurança pública apenas às autoridades administrativas, é tarefa fundamental do cidadão (...). O problema do lixo, emigração legal, construções anárquicas, a criminalidade são problemas de segurança pública", sublinhou.