O líder parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, considera que as recentes mudanças em Angola não passam de actos de sobrevivência política.
O novo Presidente de Angola, João Lourenço, tem feito várias alterações em posições de poder no país. Nomeadamente, afastou Isabel Soares dos Santos da presidência da Sonangol e retirou à Semba Comunicação a gestão do segundo canal da TV Pública de Angola (TPA), afastando dessa forma Welwitshea ‘Tchizé’ dos Santos e o irmão José Paulino dos Santos, sócios da empresa. Todos filhos do antigo chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.
A vaga das exonerações chegou também à área da saúde. A ministra Sílvia Lutucuta exonerou as administrações de dois dos maiores hospitais públicos do país, em Luanda, além do inspector-geral e director nacional da saúde, conforme despachos citados pela agência Lusa esta quinta-feira.
“João Lourenço ou toma estas atitudes ou a sua duração na governação é curta, porque ele não tem os instrumentos económicos na sua mão - estes instrumentos estão nas mãos dos filhos do ex-Presidente da República", afirma Adalberto da Costa Júnior em entrevista à Renascença. "Os seus actos têm muito a ver com a condição de garantir a sua sobrevivência política”, acrescenta.
Mas Adalberto da Costa Júnior considera que são precisas ainda outras mudanças e espera que o novo Presidente "tenha coragem para o fazer".
"Por exemplo, a mudança da liderança do chefe do Fundo Soberano, que está nas mãos de um outro filho [de Eduardo dos Santos] e não presta contas", aponta. Estas mudanças "são actos devidos e João Lourenço sabe que, se não os fizer, não tem condições de governação”, sustenta ainda.
Apesar das alterações já feitas, o líder parlamentar da UNITA garante que ainda não se pode falar num clima de liberdade em Angola.
“Dou-lhe um pequeno exemplo: eu, enquanto dirigente da UNITA, nunca tinha tido uma entrevista minha publicada na primeira página do ‘Jornal de Angola’. Tive-a há 15 dias, mas todas as respostas dadas sobre João Lourenço foram censuradas. Todas. Portanto, se antes não se podia falar do Presidente, hoje também continua a não se poder falar do Presidente”, conclui. Renascença