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PR justifica nomeações de Moco e Lopo do Nascimento por serem "referência" em Angola

Post by: 12 Janeiro, 2018

O Presidente da República angolano, João Lourenço, justificou hoje a nomeação dos ex-primeiros-ministros Lopo do Nascimento e Marcolino Moco para administradores da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) por serem uma "referência" no país.

A posição foi assumida pelo chefe de Estado no Palácio Presidencial, em Luanda, durante a cerimónia de posse dos ex-políticos como administradores não executivos da Sonangol, liderada desde novembro por Carlos Saturnino, depois de João Lourenço ter exonerado Isabel dos Santos.

Na ocasião, o chefe de Estado classificou ambos como "figuras de destaque da vida política angolana", justificando com isso a nomeação que fez na quarta-feira.

"Figuras que desempenharam as mais altas funções no aparelho do Estado, são por isso uma referência na sociedade angolana e, a exemplo do que se faz também em outros países, não pretendemos desperdiçar a experiência que têm, a reputação que têm, para continuarem a servir o país noutras áreas, fora da política", afirmou João Lourenço.

Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia, Marcolino Moco, que regressa desta forma à vida pública após o afastamento e após anos de contestação ao regime de José Eduardo dos Santos, ex-chefe de Estado, assumiu que será um "conselheiro" da administração da petrolífera estatal.

"A primeira coisa que eu vou querer saber do presidente da Sonangol é porque é que temos esta crise de distribuição do combustível, particularmente no interior do país", afirmou Moco, referindo-se aos sucessivos casos conhecidos publicamente de postos de combustíveis sem gasolina ou gasóleo.

Em novembro último, o antigo primeiro-ministro angolano Marcolino Moco assumiu-se surpreendido com a "coragem" do novo Presidente da República, afirmando que as decisões conhecidas visam "criar um mínimo de governabilidade" num poder "atrelado aos pilares de uma casa de família".

A posição do advogado e histórico militante do MPLA, forte crítico da governação de 38 anos do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, surgiu num artigo divulgado então, pelo próprio.

"É verdade que João Lourenço me surpreende pela coragem e rapidez; mas surpreso andei eu todos estes anos a ver um país a ser montado à volta de uma família única, quando só se ouviam louvores de tribunas e painéis de entidades notáveis", criticou ainda o advogado que durante 1992 e 1996 foi primeiro-ministro de Angola, na Presidência de José Eduardo dos Santos.

Já Lopo do Nascimento, que foi primeiro-ministro entre 11 de novembro de 1975 (proclamação da independência angolana) e dezembro de 1978, além de secretário-geral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, criticou em 2017, antes das eleições gerais de agosto, a continuidade de José Eduardo dos Santos na presidência do partido.

"Acho que não será uma boa coisa se ele se mantém como presidente do MPLA, porque gera um poder bicéfalo", disse Lopo do Nascimento, numa entrevista em março.

Na segunda-feira, questionado pela Lusa na sua primeira conferência de imprensa, o Presidente angolano escusou-se a explicar os motivos que o levaram a exonerar a 15 de novembro a administração liderada por Isabel dos Santos na Sonangol, limitando-se a citar o habitual enquadramento, da "conveniência de serviço".

Desde que tomou posse, a 26 de setembro, João Lourenço nomeou por dia, em média, mais de três de administradores, para cerca de 30 empresas públicas, órgãos da administração do Estado, Justiça, comunicação social estatal, Banco Nacional de Angola e outros organismos.

Em 100 dias como Presidente da República (04 de janeiro de 2018), as mais de 300 nomeações feitas por João Lourenço, que corresponderam a várias dezenas de exonerações, incluindo da empresária Isabel dos Santos da Sonangol, e de mais de 30 oficiais generais em posições de topo na hierarquia militar, valeram-lhe a alcunha nas redes sociais: "O exonerador implacável".

Last modified on Sexta, 12 Janeiro 2018 18:35
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