Quem negociou diretamente os termos dos pagamentos, ainda segundo a delatora, foi Rui Falcão, homônimo do presidente nacional do PT. O Falcão mencionado pela empresária era o secretário de Comunicação do MPLA. Ele acertou o repasse de US$ 50 milhões, sendo US$ 30 milhões por contrato formal e US$ 20 milhões por um contrato de "gaveta", disse Mônica.
Segundo Mônica, dos US$ 20 milhões movimentados ao largo da contabilidade oficial pela Odebrecht, empresa com muitas obras em Angola, US$ 15 milhões foram repassados em dinheiro vivo naquele país e US$ 5 milhões, na conta Shellbill, na Suíça, referentes ao valor cobrado por João Santana, como pessoa física, pelo projeto de campanha política.
A participação de João Santana na campanha de José Eduardo Santos ao governo da Angola foi um pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo Mônica. Ela afirmou que após uma viagem a Angola na companhia de Emílio Odebrecht, dono do grupo empresarial que leva seu nome, Lula acionou Santana para que aceitasse fazer a campanha de Santos.
Santana aceitou a proposta, após reuniões com delegações de Angola acompanhadas sempre de um executivo da Odebrecht, mas recusou trabalhar com Franklin Martins, ex-ministro de Lula. Segundo a delação, Lula tentava "empurrar" Martins na empreitada, mas Santana não aceitou.
O relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, derrubou o sigilo das delações premiadas do publicitário João Santana, da mulher dele, Mônica Moura, e do operador do casal, André Luis Santana. As delações foram homologadas em 3 de abril e tiveram o conteúdo dividido em 22 petições apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).