MPLA, UNITA, APN são partidos já apresentaram candidaturas às eleições gerais de 23 de agosto em Angola, com entrega das listas no Tribunal Constitucional na primeira semana do prazo legalmente instituído para o efeito, que decorre até 21 de maio.
O histórico partido, que enfrenta desde há vários anos uma cisão devido a desentendimentos entre os seus militantes, entregou hoje no Tribunal Constitucional a sua candidatura em 33 pastas, com as listas dos 275 candidatos e 17.500 assinaturas de apoiantes, acima das 15.000 exigidas por lei.
Em declarações à imprensa no final do ato, o secretário-geral da FNLA, Pedro Dala, referiu que o terceiro dos movimentos históricos de libertação nacional, não sentiu qualquer dificuldade para reunir o número se assinaturas exigidas.
Questionado sobre a divisão reinante no partido, Pedro Dala, o número dois da lista de candidatos, rejeitou que o partido esteja dividido em alas, admitindo apenas que há "irmãos desavindos".
"Não há alas na FNLA, juridicamente falando, são descontentamentos, o que é normal", referiu, lamentando que essas situações só se intensificam quando chega a altura das eleições.
"Não se trata de uma ala, são indivíduos descontentes, o nosso irmão Pedro Gomes, disputou em 2015 a presidência do partido, teve 121 votos, reconheceu o resultado, aceitou a eleição como membro do Comité Central e do Bureau Político, para depois de três meses ir embora para nunca mais regressar", frisou.
Segundo o secretário-geral da FNLA, o partido está aberto ao diálogo, mas lembra que é preciso que os estatutos e os regulamentos daquela formação política "sejam respeitados".
"Não pode vir ordenar que o presidente sai e eu sou o presidente, isso não funciona em qualquer parte", considerou.
Para estas eleições, Pedro Dala disse que foram traçadas estratégias para que os resultados superem os alcançados nos pleitos eleitorais anteriores, de 2008 e 2012.
"Estamos a trabalhar para que a gente saia desse clima e também estamos a prometer ao nosso povo que essas eleições serão diferentes de todos os tempos. Estamos confiantes que desta vez vamos ultrapassar os resultados alcançados nas eleições passadas", salientou.
Depois de vários desentendimentos internos, agudizados após a morte do líder fundador do partido, Holden Roberto, em 2007, mais recentemente, em março deste ano, Lucas Ngonda foi afastado da liderança da FNLA e nomeado interinamente Fernando Pedro Gomes.
Na decisão tomada numa reunião do Comité Central alegou-se "desvios graves da linha política" da FNLA e a necessidade de "salvaguardar os interesses superiores do partido".
O Tribunal Constitucional considerou inválida a decisão, porque não observou procedimentos estatutários para a convocação e realização do Comité Central, que cabem ao líder do partido.
Além de presidente da FNLA, Lucas Ngonda é também um dos dois deputados eleitos pelo partido em 2012.
A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).
O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições de 2012.