No início de um roteiro que abrange também Espanha e França para apresentar a sua candidatura, o líder do partido do "Galo negro" apelou, na cidade do Porto, a uma postura "equidistante" portuguesa num processo em que pode vir a desempenhar "um papel fundamental".
"Verificámos em três pleitos eleitorais -1992, 2008 e 2012 - que na aproximação da campanha eleitoral dirigentes políticos portugueses visitaram Angola e saíram com discursos laudatórios sobre quem estava a governar o país", lembrou Isaías Samakuva.
E prosseguiu: "Naturalmente que quando faltam dois ou três meses para as eleições e vem uma entidade estrangeira e diz que o governo está bom e que está tudo bem, está a dizer ao eleitor que não há razões para mudar de governo".
"Quisemos desta vez transmitir por portas travessas que os governantes portugueses não deviam visitar agora Angola, mas que o façam depois das eleições", manifestou.
No dia em que chegou ao Porto, o político angolano deixou ainda um conselho aos governantes portugueses sobre o processo que se concluirá com a eleição do sucessor de José Eduardo dos Santos na presidência de Angola.
"Pensamos que, desta vez, Portugal devia desempenhar, em primeiro lugar, um papel de equidistância e em segundo devia ajudar Angola a organizar um processo credível", disse.
Samakuva salientou que os processos eleitorais ocorridos naquele país "têm sido todos fraudulentos" e que, "muitas vezes, os países europeus ficam indiferentes a essas situações".
"Desta vez temos vindo a insistir junto da União Europeia e das autoridades angolanas para que o país se abra para uma observação que possa no final do processo dizer que houve o cumprimento da lei", salientou.
E continuou: "Portugal pode ser um facilitador disso mesmo. O papel de Portugal pode ser muito importante, até mesmo fundamental, porque as relações que tem com o governo angolano permitem exercer uma influência positiva para que este processo eleitoral seja credível".
Samakuva entende que o povo angolano "está cansado e à espera que seja um processo transparente", até porque se o contrário acontecer, prevê que aconteça "alguma turbulência".
"Ela não virá nem da UNITA nem de outros partidos políticos, mas do cidadão comum que ao não ver uma mudança a realizar-se na Angola pode vir para as ruas protestar", disse.
O líder da UNITA revelou que no decurso da visita a Portugal "não vai reunir-se com nenhum governante português", antes mantendo contactos com a sociedade civil, empresários, homens de negócios e académicos.
LUSA