O presidente de Angola, João Lourenço, reafirmou o compromisso no combate à corrupção em Angola e garantiu que o processo não será travado por eventuais pressões.
Em conferência de imprensa conjunta no Palácio de Belém, onde foi recebido pelo Presidente português, o chefe de Estado angolano disse que “quando nos propusemos a combater a corrupção em Angola, tínhamos noção que precisamos ter muita coragem, sabíamos que estávamos num mundo de marimbondos [vespas]”.
Questionado se o governo não estará a brincar com o fogo, João Lourenço respondeu: “Se estamos a brincar com o fogo temos noção das consequências desta brincadeira. O fogo queima, mas o importante é manter o seu controlo. Não deixar que se alastre e se acabe por transformar num grande incêndio”.
“Que ninguém pense que por muito recursos que tenha, consegue enfrentar os milhões que somos. Não temos medo do fogo, vamos continuar a brincar com ele”, afirmou.
Nesta quarta-feira, a empresária Isabel dos Santos, filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, que abandonou o poder em 2017, publicou na rede social Twitter uma mensagem na qual alertava que “em Angola a situação está a tornar-se cada vez mais tensa com a possibilidade de se juntar à crise económica existente, uma crise política profunda”.
Isabel dos Santos, que foi exonerada da presidência da Sonangol por João Lourenço deu o exemplo da greve nacional dos médicos, a quebra do poder de compra em 170%, assim como a “fome nas famílias apesar do petróleo em alta”.
João Lourenço comparou a corrupção em Angola a um ninho de marimbondos e garantiu que embora já tenham sentido “as picadelas, isso não nos vai matar”.
O líder angolano garantiu que não irá recuar no combate à corrupção e que está imune a pressões. “Não é por isso que vamos recuar. É preciso destruir esse ninho de maribondos. Quantos existem? Não são muitos”, afirmou, acrescentando que “Angola tem 28 milhões de habitantes, não há 28 milhões de corruptos”.
Questionado sobre o pedido de informação de Luanda a bancos portugueses sobre os capitais angolanos no estrangeiro não declarados, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse tratar-se “de uma decisão soberana do Estado angolano”.
No entanto, salientou “na medida em que possa haver repercussões entre as duas economias, entre as dois Estados, essa questão não deixará de ser ponderada e acompanhada atentamente”.