Em causa está uma lista que circula publicamente há alguns dias, em Luanda, com nomes de alegados devedores ao antigo BESA, transformado em Banco Económico depois da intervenção estatal em 2014, precisamente devido ao volume de crédito malparado.
"Há uma publicação que está a circular nas redes sociais sobre o suposto envolvimento de várias figuras no caso BESA e está lá o meu nome. Eu nunca pedi dinheiro emprestado ao BESA, nem sequer tenho conta aberta no BESA", afirmou o presidente da Assembleia Nacional e um dos vários elementos do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) indicados nessa alegada lista.
Fernando da Piedade Dias dos Santos reagia hoje no parlamento à intervenção do deputado André Mendes de Carvalho, da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), que fez alusão a alguns dirigentes angolanos alegadamente envolvidos no caso BESA.
"Não podemos ser injustos, há mecanismos legais e judiciais de polícia que podem ajudar a esclarecer quem é quem, porque também na nossa bancada não estamos de acordo quando há pessoas que se aproveitam do dinheiro. Porque o dinheiro de Angola é de todos os angolanos, não é só para os mais vivos, como é que vocês estão a nos acusar, estão a nos acusar de que", questionou o presidente do parlamento.
O BESA foi extinto em 2014 devido ao volume de crédito malparado resolvido com a intervenção do Banco Nacional de Angola, que se seguiu ao colapso do BES português, que era o principal acionista do banco angolano.
Na ocasião, o presidente do parlamento angolano apelou à "cabeça fria" na abordagem do assunto e desafiou mesmo à apresentação de provas por parte de quem acusa.
"Vamos sair daqui com a ideia de que os homens de bem deste país, todos dirigentes bem formados, não concordam com a corrupção. Agora se há suspeitas, e vocês são tão ciosos de combate à corrupção, que acionem os mecanismos judicias. Tenham peito, se têm provas, não basta falar, apresentem provas", rematou.
Dívidas de várias empresas ao BESA estão a ser alvo de ações no Tribunal de Luanda, reclamando o pagamento sob ameaça de penhora.
A informação consta de anúncios que estão a ser publicados nos últimos dias pela 4.ª secção da Sala Civil e Administrativa do Tribunal Provincial de Luanda sobre "Ação executiva para pagamento de quantia certa", em que o exequente é o BESA (apesar de extinto).
Nestes anúncios, publicados no Jornal de Angola e assinados pelo juiz de Direito José de Freitas, são notificadas várias empresas e administradores "atualmente em parte incerta" para fazer os pagamentos - quantias não reveladas -, "sob pena" de avançar a penhora de bens.
A Lusa noticiou a 19 de janeiro último que o Banco Económico, que resultou da transformação do BESA, está a tentar recuperar o crédito malparado que transitou da anterior instituição, no valor total de 3,7 mil milhões de euros, tendo criado uma equipa especializada para o efeito.
A transformação do antigo BESA, por decisão do BNA, levou à entrada de novos acionistas, como a petrolífera Sonangol, à diluição das anteriores participações, em que o Novo Banco ficou apenas com uma posição de 9,72% para absorver o aumento de capital do Banco.
LUSA