Numa conferência de imprensa destinada a fazer um balanço sobre as exéquias fúnebres de Jonas Savimbi, em que esteve presente toda a direção da UNITA, Isaías Samakuva indicou que a ideia está ainda em maturação, mas que poderá tornar-se realidade, "pondo no mapa" um dos nomes de localidades mais importantes da História de Angola.
"O nome de Jonas Malheiro Savimbi atrai atenções em todo o mundo, quer queiramos ou não, tal como o foi a Jamba, o Bailundo ou o Andulo. Se assim acontecer, se a ideia avançar, não me admirarei que Lopitanga possa vir a tornar-se um ponto de visita, de peregrinação", afirmou o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana.
Segundo Samakuva, a ideia de escolher Lopitanga, que se situa cerca de 30 quilómetros a oeste do Andulo, no norte da província do Bié, centro de Angola, para a sede da fundação baseia-se no facto de a UNITA pretender, tal como na Jamba, Bailundo e Andulo - "visitadas por altas personalidades internacionais" -, ajudar a manter a memória de Savimbi, tornando-a um local "histórico" e permitindo a saída do anonimato.
Jonas Savimbi foi morto em combate em fevereiro de 2002, o que viria a precipitar o final de 27 anos de guerra civil no país, tendo sido sepultado, à guarda do Governo, no cemitério do Luena (capital da vizinha província do Moxico), e cujos restos mortais foram entregues pelas autoridades de Luanda à família e ao partido.
Samakuva lembrou que a concretização de um funeral "digno e com honra" a Jonas Savimbi constava da lista de prioridades do partido para o ano em curso e que culminou um longo processo, "com altos e baixos", iniciado em 2014.
O líder da UNITA agradeceu a todos os que se envolveram no processo das exéquias fúnebres de Savimbi, voltando a repetir o que já afirmara em Lopitanga, quando destacou o nome do Presidente angolano, João Lourenço, cujo papel foi "importante".
"A decisão [de João Lourenço] foi digna de registo, sobretudo porque se tratava de um adversário político cujo papel foi importante [na História de Angola]. Foi uma decisão sensata, pois o que estava em causa era honrar um dos fundadores da pátria [angolana]", afirmou hoje o líder da UNITA.
Samakuva sublinhou tratar-se de um gesto que "ajuda" a promover a reconciliação nacional entre os angolanos, insistindo na ideia de que a guerra civil faz parte do passado.
"As querelas pessoais e os preconceitos são cada vez menos. Aos poucos vai assistir-se à reconciliação nacional. O que se passou, passou. Culpados somos todos nós, responsáveis somos todos nós, vítimas somos todos nós", sublinhou.
Questionado sobre que o que reservará a História angolana sobre o papel de Savimbi e ainda se o primeiro líder da UNITA (1966/2002) "sobreviverá" às alegadas mentiras e críticas propagadas pelo então regime do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Samakuva desdramatizou, defendendo que, aos poucos, "a verdade virá ao de cimo".
"Jonas Savimbi já é homenageado por pessoas fora da esfera da UNITA. Vamos continuar a procurar dizer a verdades dos factos. Há muitas distorções dos factos. Vamos continuar a lutar pela verdade", respondeu.
Ainda sobre as exéquias fúnebres de Savimbi, o líder da UNITA realçou que a campanha de angariação de fundos, lançada em fevereiro deste ano, para a cerimónia "superou as expectativas", pois o partido recolheu 83,5 milhões de kwanzas (216 mil euros) de "dezenas de milhar de anónimos".
Segundo o líder da UNITA, o custo total da cerimónia custou 490,7 milhões de kwanzas (1,27 milhões de euros), aquém dos 500 milhões de kwanzas (1,3 milhões de euros) previstos, com toda a logística ligada ao transporte de convidados estrangeiros (Portugal, Espanha, Estados Unidos, África do Sul, Namíbia, Zâmbia e Zimbabué), além das dezenas de milhares de pessoas que se deslocaram pelos seus próprios meios a Lopitanga.