“Quem não deve não teme, cada país pode pedir a lista de bens que quiser”, afirmou Welwitschea dos Santos, conhecida por Tchizé dos Santos, comentando as notícias de que o seu nome está numa lista de angolanos cujos bens em Portugal foram coligidos pela justiça portuguesa a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola.
“Já sabemos que o Presidente João Lourenço tem uma campanha de perseguição contra a minha pessoa”, disse, numa mensagem enviada a jornalistas, Tchizé dos Santos, que recusa qualquer favor político na construção do seu império financeiro, que tem suporte no setor dos media e bancário.
“Sempre fui empreendedora, fundei dois bancos em Angola. Graças a Deus não foi com dinheiros públicos”, explicou, dizendo confiar na justiça.
“Não estou preocupada, se o Presidente João Lourenço me quiser perseguir até à 'Cochinchina', que persiga”, acrescentou a empresária, que está casada com um cidadão português e sustentou ter feito vários investimentos em Portugal, sem os enumerar.
“Há livre iniciativa e ainda não está proibido aos empresários investir fora do país”, salientou, considerando que esta “perseguição está a sair cara” ao executivo angolano.
Os aliados de João Lourenço "têm medo", sustentou, que a sua "popularidade seja usada a favor da UNITA" (União para a Independência Total de Angola, na oposição), acrescentou Tchizé dos Santos, que disse ter boa relação com vários deputados e dirigentes da oposição em Angola.
"Hoje eu estou contra o camarada João Lourenço e acho que ele não deve continuar a ser presidente do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola] para evitar o fim do partido" após "um brutal derrota eleitoral" nas próximas eleições presidenciais de 2022.
Os apoiantes de João Lourenço "estão com medo", disse, resumindo: "É só isso".
Hoje, confrontado pela Lusa sobre a lista de fortunas angolanas em Portugal, o procurador-geral da República, Hélder Pitta Grós, escusou-se a comentar o caso.
O nome de Tchizé dos Santos costa de uma lista entregue pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal de Portugal às autoridades angolanas, que se refere a uma lista de bens de cidadãos angolanos no país e que estão a ser investigados por Luanda.
Fonte ligada ao processo confirmou à agência Lusa a existência um relatório pormenorizado, com saldos bancários, imóveis e transações bolsistas.
Segundo o jornal Correio da Manhã, este relatório cumpre uma carta rogatória que a PGR entregou há um ano, que incluía uma listagem de dezenas de nomes, entre os quais a irmã de Tchizé dos Santos, Isabel dos Santos, que está a ser investigada pela justiça angolana e que tem vários bens em Portugal, incluindo participações direitas ou indiretas em empresas.
Leopoldino do Nascimento (‘Dino'), José Filomeno dos Santos - outro filho do antigo presidente -, Manuel Hélder Vieira Dias (‘Kopelipa’) ou João Maria de Sousa são outros dos nomes dessa lista.