O apelo consta de um comunicado disponibilizado hoje e assinado pelo seu porta-voz, Jean Claude Nzita, no qual a direção político-militar da Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas Cabindenses (FLEC-FAC) afirma que as eleições de 23 de agosto são do "país ocupante".
"Votar em Cabinda nas eleições de Angola de 23 de agosto de 2017 é abdicar da identidade Cabinda, aceitar a inaceitável integração belicista de Cabinda em Angola, é conspurcar a memória de todos os nossos antepassados e mártires que combateram o colonialismo português e o neocolonialismo angolano", lê-se no comunicado.
A FLEC-FAC recorda que a 01 de fevereiro de 1885 foi assinado o Tratado de Simulambuco, que tornou aquele enclave num "protetorado português", o que está na base da luta pela independência do território. Desde 2016, com o recrudescimento da atividade guerrilheira, as FAC já reivindicaram ataques que provocaram a morte, naquele território, a dezenas de militares das Forças Armadas Angolanas.
O enclave de Cabinda, no 'onshore' e 'offshore', garante uma parte substancial da produção total de petróleo por Angola, atualmente superior a 1,6 milhões de barris por dia.
"Cada Cabinda que colocar um voto numa urna angolana nas eleição de Angola de 23 de agosto está a assumir que é angolano, a apoiar a repressão de Angola em Cabinda, a defender a humilhação do povo de Cabinda por Angola, a apoiar os assassinatos cometidos pelas Forças Armadas de Angola contra os nossos irmãos, a defender as prisões arbitrárias, a apoiar aqueles que praticam um genocídio identitário no nosso solo, e a consentir a corrupção e a lapidação de Cabinda pelas elites angolanas", afirma a FLEC-FAC.
Nas eleições gerais de 2012, entre um total de mais de 200.000 eleitores inscritos, votaram em Cabinda 121.108, dos quais 2.698 foram considerados votos nulos e 1.878 em branco.
"Qualquer Cabinda deverá unicamente votar no referendo para a autodeterminação do nosso povo. Eleições em Angola não são eleições em Cabinda", conclui aquela organização independentista.
Angola vai realizar eleições gerais a 23 de agosto deste ano, com seis formações políticas concorrentes - MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA e APN - contando com 9.317.294 eleitores em condições de votar.
A campanha eleitoral arrancou a 23 de julho e prolonga-se até ao dia 21 de agosto.
Nas eleições gerais são eleitos o parlamento, o Presidente da República e o vice-Presidente.