AS declarações foram feitas hoje pelo secretário-geral do principal partido da oposição angolana, Álvaro Chikuamanga Daniel, numa conferência de imprensa em que a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) apresentou a sua posição sobre o momento político que o país vive.
O responsável da UNITA lamentou a “prisão recorrente” de ativistas e sublinhou que se está perante uma violação do estado democrático de direito, defendendo um amplo diálogo social.
“Este país tem uma direção, um governo, um Presidente. Aquele que devia incentivar o diálogo nacional devia ser o Presidente da República, devia ser o promotor destas conversações, mas infelizmente notamos um défice de dialogar com as forças vivas da Nação”, disse.
Entre as “prisões arbitrárias” a UNITA apontou os casos dos ativistas detidos nos dias 10 e 11 de janeiro na sequência da greve dos taxistas e, mais recentemente, a 9 de abril na sequência da manifestação contra a contratação da Indra, empresa que vai prestar apoio técnico e logístico às eleições gerais previstas para agosto de 2022, apelando à sua libertação.
Em causa estão também membros da UNITA, no município do Sanza Pombo, onde se registaram confrontos entre militantes desta força política e o partido do poder, MPLA, tendo sido presas mulheres com crianças ao colo.
“São atos repugnantes, que constituem um expediente recorrente do regime autocrático no poder, para aterrorizar, condicionar, silenciar opositores e vozes críticas da sociedade”, segundo a UNITA.
O partido do “Galo Negro” considerou “alarmante” que trinta anos após institucionalização do multipartidarismo “o regime mantenha a mentalidade e a prática de partido único” e não respeite a vontade dos cidadãos criando barreiras “contra a sã convivência política, social e económica.
A UNITA condenou também “a postura musculada adotada pelo Executivo para lidar com as greves no setor público”, recordando que greves e manifestações são direitos constitucionais.
“A UNITA insta o executivo a dialogar de forma honesta com os trabalhadores do sistema de saúde, educação e ensino, com vista a solucionar as questões que estes setores vitais vivem e assegurar serviços universais de qualidade aos cidadãos”, apela o partido.