Angola celebra hoje o 21.º aniversário de paz e reconciliação nacional, feriado nacional no país, e, para assinalar a data, João Lourenço, acompanhado da mulher e figuras do seu executivo e de partidos políticos, rendeu hoje homenagem a José Eduardo dos Santos, considerado “arquiteto da paz”.
Após cumprir as honras militares, o chefe de Estado angolano, que substitui José Eduardo dos Santos, em 2017, depositou uma coroa de flores jutno do no jazigo onde repousam os restos mortais de José Eduardo dos Santos, que dirigiu Angola entre 1979 e 2017 e morreu em Espanha, vítima de doença, em 08 de julho de 2022.
A vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975), Luísa Damião, também esteve hoje na cerimónia de homenagem a José Eduardo dos Santos, considerando-o um ato merecido ao “arquiteto da paz”.
“Os angolanos devem continuar a preservar este bem precioso que promove o desenvolvimento, portanto cada angolano deve ser um promotor da paz, um promotor do desenvolvimento”, disse.
Florbela Malaquias, deputada do Partido Humanista de Angola (PHA, oposição), considerou, por outro lado, “justa” a homenagem ao ex-presidente angolano.
“Quando olho para o país vem-me a alma algum regozijo por estarmos em paz, mas que nós precisamos de outras pazes, que são a paz social, a paz económica, a paz espiritual”, apontou.
João Lourenço, eleito Presidente angolano em 2017, na sequência de eleições legislativas, cumpre o seu segundo mandato presidencial, tendo o combate a corrupção, ao nepotismo e peculato como alguns dos eixos da sua governação.
As relações entre João Lourenço e José Eduardo dos Santos constituíram sempre motivo de polémica, no seio de partidos políticos e a da sociedade civil, nomeadamente quando o chefe de estado quando decidiu pôr em marcha o combate à corrupção, tendo daí surgido diversos processos judiciais contra familiares do ex-presidente ou seus antigos colaboradores.
Filhas de José Eduardo dos Santos, particularmente Isabel dos Santos e Welwítschia “Tchizé” dos Santos, e algumas correntes da sociedade angolana dizem tratar-se de uma “justiça seletiva”, recusada, no entanto, por João Lourenço.
José Eduardo dos Santos, que dirigiu Angola durante 38 anos, foi sepultado em Luanda, em 28 de agosto de 2022, na sequência de mais de um mês de disputa familiar na Vara de Família do Tribunal Civil da Catalunha sobre quem ficaria com a guarda do seu corpo.
De um lado estava Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opunham à entrega dos restos mortais à ex-primeira-dama e eram contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições de 24 de agosto e do outro Ana Paula dos Santos e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos.
O Tribunal Civil da Catalunha decidiu, porém, pela atribuição do cadáver à viúva e autorizou a transladação para Angola, depois de concluir definitivamente que José Eduardo dos Santos morreu de causas naturais.
As celebrações do 04 de abril, Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, decorrem em toda Angola, cujo ato central acontece na província do Namibe e está a ser orientado pela ministra de Estado para a Área Social, Dalva Ringote.
João Lourenço condecora ainda hoje, em Luanda, várias personalidades, civis e militares, com outorga da Paz e Concórdia, Ordem de Mérito Civil, Ordem dos Combatentes da Liberdade, Ordem de Mérito Militar, Ordem do Mérito Policial, Ordem da Independência e outras.