José de Lima Massano, que até quinta-feira ocupou o cargo de governador do Banco Nacional de Angola (BNA), falava aos jornalistas no final da cerimónia de tomada de posse no cargo em que substituiu Manuel Nunes Júnior.
“Nós vamos trabalhar com o sistema financeiro e teremos depois condição de fazer uma reapreciação e vermos com maior realismo a capacidade existente para assegurarmos que os cartões possam todos ser entregues e possam estar em pleno funcionamento, para que o benefício que foi definido possa chegar aos cidadãos que exercerem atividades quer de transporte e de pesca e possam efetivamente tirar daí o seu benefício e não pesarem em demasia os custos para toda a economia”, disse José de Lima Massano.
O governante considerou este “um tema de grande preocupação".
"A orientação está dada e vamos procurar rapidamente ter as condições operacionais para que esse desconforto seja minimizado”, salientou.
O Presidente angolano, ao intervir na cerimónia, disse que José de Lima Massano assume o cargo numa altura que está em curso “um dossier delicado”.
“Chega um momento em que vai encontrar um dossier delicado, mas que precisamos de resolvê-lo não só a contento da economia, como também dos cidadãos que de alguma forma acabam por ficar afetados”, sublinhou João Lourenço, sem especificar o tema.
O Governo angolano implementou há uma semana a redução gradual do subsídio aos combustíveis, começando por aumentar o preço da gasolina, que passou dos 160 kwanzas para os 300 kwanzas, isentando taxistas, moto taxistas e embarcações de pesca artesanal, para mitigar o impacto da medida nas famílias mais vulneráveis.
Para a subvenção a esta classe, foi criado um cartão personalizado que será atribuído apenas aos operadores licenciados, para a compensação desta subida de preço.
Na prática tem-se verificado uma demora na atribuição desses cartões, o que originou já alguns protestos, mais graves nas províncias do Huambo e da Huíla, que resultaram em mortos e feridos, no confronto entre manifestantes e a polícia.
O ministro de Estado para a Coordenação Económica realçou também que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para responder a outra orientação do titular do poder executivo angolano, no que se refere ao tema da diversificação económica.
“Há um conjunto de programas já definidos, o grande desafio é de facto cuidar da sua execução e, para isso, vamos precisar de contar com a ajuda e apoio de todos e quando fazemos referência ao apoio de todos significa da comunidade empresarial, dos mais variados agentes económicos, dos cidadãos, e sermos capazes de, em conjunto, superarmos os grandes desafios que se colocam na nossa economia”, frisou.
José de Lima Massano reiterou a sua luta pela descida da inflação, sublinhando que, do lado do Governo, é preciso ter bem presente o seu conjunto de responsabilidades e assegurar que as metas de inflação possam ser atingidas.
“Temos o banco central com a responsabilidade primária, mas há ainda um conjunto de deficiências também de natureza estrutural que são de competência do Governo e aí temos que agir com eficácia perante os recursos limitados que vamos dispondo, mas assegurar que a estabilidade de preços seja uma realidade. Com isso teremos também condição de preservar rendimentos, proteger a qualidade de vida dos nossos cidadãos”, disse.