Isaías Samakuva, que falava em conferência de imprensa sobre a Fundação Jonas Malheiro Savimbi, da qual é o coordenador-geral, foi questionado sobre a sua facilidade em ser recebido pelo Presidente, ao contrário do que acontece com o atual líder da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto Costa Júnior.
Segundo Isaías Samakuva, “de certo modo é complexo de inferioridade” alguém pensar que conviver com pessoas do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, significa que “já se vendeu”.
“O Presidente João Lourenço é uma pessoa que eu vi a crescer, éramos vizinhos, eu sou um pouco mais velho que ele, mas os meus irmãos, enquanto vizinhos, eram mais próximos, conheço os pais”, referiu, frisando que as posições que cada um defende não podem torná-los inimigos.
Isaías Samakuva disse que as audiências que solicitou foram atendidas pelo Presidente e que chegou a perguntar a João Lourenço por que razão não recebe Adalberto Costa Júnior.
De acordo com Isaías Samakuva, o chefe de Estado angolano respondeu-lhe que nunca recebeu nenhum pedido de audiência de Adalberto Costa Júnior.
“Você pediu, eu estou a recebê-lo, quem me pede esta casa está de portas abertas”, frisou o político, acrescentando que todas as vezes que foi recebido por João Lourenço fez um relatório a reportar tudo que abordou com o Presidente, “inclusive esta questão” de que o líder da UNITA nunca pediu audiência, “se não, ele recebia”.
O antigo líder da UNITA reafirmou que enquanto os cidadãos forem identificados pela cor da camisola política o país não será desenvolvido e próspero.
Desde que deixou a liderança do partido, em 2019, Isaías Samakuva disse que preferiu recolher-se para dar espaço aos outros que precisavam de “se afirmarem”, e para descansar, negando divergências com a direção da UNITA.
“Eu preciso agora de me concentrar naquilo que estou a fazer e eu cheguei a dizer mesmo isso ao presidente da UNITA no dia 03 de maio do ano passado. Portanto, [sobre] a minha relação [com o partido] eu não tenho problemas”, referiu.
“Cumpri com o meu consulado, achei que depois de 16 anos de trabalho, de dormir curtas noites de três horas, de falta de tempo para os meus filhos, para a família, precisava de descanso, de um lado; de outro lado, era preciso deixar também espaço para os outros”, acrescentou.