Parlamento aprovou na globalidade divisão administrativa com “chumbo” da UNITA

Post by: 14 Agosto, 2024

O parlamento angolano aprovou hoje na globalidade a divisão administrativa das províncias do Cuando-Cubango, Moxico e Luanda, com votos favoráveis do MPLA, elevando o país para 21 províncias, iniciativa “chumbada” pela UNITA (oposição) que pedia “autarquias já”.

A proposta de Lei sobre a Divisão Político Administrativa (DPA) de Angola, iniciativa do Presidente angolano, João Lourenço, foi hoje a votação final e global durante a oitava reunião plenária extraordinária da Assembleia Nacional, apenas com votos favoráveis do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder).

Com a aprovação da lei da DPA, Angola passará a contar com 21 províncias, contra as atuais 18, uma iniciativa bastante contestada pela oposição, sobretudo com o aditamento, na especialidade, da divisão da província de Luanda.

As três novas províncias, nomeadamente Cuando, que vem da divisão do Cuando-Cubango, Cassai Zambeze, que surge da divisão da província do Moxico, e Icolo e Bengo, oriunda da divisão da província de Luanda, elevam o país para 326 municípios e 378 comunas.

De acordo com o seu relatório de fundamentação da lei da DPA, a iniciativa visa, por um lado, promover o desenvolvimento equilibrado do território, aproximar os serviços públicos aos cidadãos e garantir a ocupação integral do território e, por outro, racionalizar os serviços da administração do Estado, aumentando a sua eficácia, eficiência e equidade.

O voto favorável do MPLA foi justificado pelo seu deputado Mário Pinto de Andrade referindo que o diploma “está em perfeita harmonia” com o programa do Governo do MPLA e do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027.

“Votámos a favor porque acreditamos que os problemas das populações (água, energia, habitação e estradas) serão resolvidos mais rapidamente pelos serviços públicos e pelas administrações municipais”, frisou o deputado do MPLA.

A declaração de voto contra da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição) foi apresentada pelo deputado Américo Chivukuvuku que acredita que os objetivos e os princípios preconizados na lei “não serão alcançados”.

“Os paradigmas e a cultura de governação centralizada são os mesmos que ao longo dos anos produziram pobreza multidimensional, fome, desemprego, elevado custo de vida, corrupção, despesismo e, em suma, não permitiram a aproximação dos serviços às populações”, argumentou.

Esta declaração de voto foi seguida por gritos e palavras de ordem dos deputados do grupo parlamentar da UNITA que, em uníssono, gritavam “autarquias já” e “o povo quer autarquias”.

O Partido Humanista de Angola (PHA), o Partido de Renovação Social (PRS) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), todos na oposição, abstiveram-se, convergindo que a divisão administrativa do país não deverá responder aos problemas prioritários do país.

“Consideramos esta divisão extemporânea porque entendemos que o país tem prioridades urgentes de combate à miséria”, disse a deputada Florbela Malaquias, do PHA.

O deputado Rui Malopa Miguel (PRS) questionou, na sua declaração, o aditamento da divisão da capital angolana na proposta da DPA, referindo que Luanda tem condicionantes históricas, culturais e económicas que assumiu desconhecer se foram tidas em conta neste processo.

O ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente angolano, Adão de Almeida, assegurou, anteriormente, que a nova DPA de Angola deve entrar em vigor em 2025 e o Orçamento Geral do Estado (OGE) desse ano, que deve ser aprovado em finais de 2024, deve contar já com verbas para as 21 províncias.

Last modified on Segunda, 30 Setembro 2024 19:10
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