Angola 2025: Tumultos marcaram o jubileu da independência de Angola com sabor amargo

10 Dezembro, 2025

Angola encerra 2025 com um balanço marcado pelo contraste entre a euforia das celebrações do meio século de independência e a tensão social que explodiu nos très dias de tumultos em julho, após o aumento do preço dos combustivels.

O jubileu da independência, que deveria reforçar a unidade nacional, acabou por ser vivido com sabor amargo, marcado por polémicas sobre as distinções atribuídas a centenas de personalidades, pela persistência da pobreza e das desigualdades, num ano em que Angola procurou também reforçar a sua projeção Internacional, transformando Luanda num palco de cimeiras.

A visibilidade externa começou logo em fevereiro, quando Angola assumiu a presidência rotativa da Umão Africana, reforçando o protagonismo diplomático do Presidente João Lourenço na mediação de conflitos e na agenda continental de industrialização e construção de infraestruturas.

Em junho, Luanda acolheu a Cimeira de Negócios EUA Africa, que reuniu empresas e responsáveis norte-americanos e africanos para discutir investimentos estratégicos, com o foco na energia, transportes e infraestruturas.

Em outubro, decorreu a Cimeira de Financiamento de Infraestruturas em Africa, em que se destacou o Corredor do Lobito como um projeto-chave para a integração regional e o desenvolvimento, reforçando a aposta na ligação ferroviaria e logística na África Austral.

Pouco depois da celebração dos 50 anos de independência, em 11 de novembro, a 7. Cimeira União Europeia-União Africana, realizada na capital angolana, levou a Luanda dezenas de delegações Internacionals, Incluindo chefes de Estado e de Governo e altas figuras das instituições europelas, bem como o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

No entanto, o brilho diplomático contrastou com uma realidade interna marcada por tensões e frustração.

Em julho, depois de o Governo determinar um novo aumento no preço dos combustiveis, os taxistas anunciaram uma greve, rapidamente cancelada, mas que degenerou em protestos espontáneos e atos de vandalismo.

Durante três dias, a capital angolana paralisou. Pelo menos 30 pessoas morreram e mais de 30 foram detidas, além de elevados danos materiais em lojas, armazéns e veículos incendiados, pilhados e vandalizados.

O Governo classificou os acontecimentos como "atos de vandalismo" e sugeriu interferencia de grupos organizados, enquanto a oposição e a sociedade civil responsabilizaram as autoridades pelo descontentamento e criticaram a "resposta desproporcional", alertando para o agravar da insatisfação popular

Os tumultos expuseram as vulnerabilidades de um pais onde quase metade da população vive na pobreza e o aumento do custo de vida afeta familias e jovens, que enfrentam o desemprego e têm oportunidades limitadas.

No plano politico, 2025 foi de continuidade na União Nacional para a Independència Total de Angola (UNITA, oposição), que reelegeu Adalberto Costa Júnior para a liderança e reafirmou a intenção de construir uma frente ampla para disputar o poder em 2027.

No Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), pelo contrário, o ano fol marcado por expectativa e tensões internas face ao congresso previsto para finais de 2026, no qual deverá ser escolhido o sucessor de João Lourenço

As movimentações expuseram divisões, enquanto figuras com ambições à liderança, como Antonio Venancio, Valdir Conego e o general Higino Carneiro, enfrentaram obstáculos vários, incluindo processos judiciais ou suspensão do partido

Entre os momentos sensíveis do ano estiveram também as condecorações dos 50 anos da Independència, atribuidas pelo Presidente da Republica, João Lourenço

A lista provocou polémica, depois de os deputados chumbarem inicialmente as medalhas destinadas a Jonas Savimbi (UNITA) e Holden Roberto (FNLA), gerando criticas generalizadas.

Após forte pressão pública e declarações de João Lourenço a defender o reconhecimento histórico dos líderes da luta de libertação, os deputados do MPLA acabaram por inverter a posição e aprovar as distinções.

As celebrações reuniram várias personalidades internacionais, incluindo o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa e vários presidentes africanos.

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