A empresária angolana Isabel dos Santos admitiu que Angola enfrenta “desafios em termos de desigualdade social e económica”, mas também demográficos, mas manifestou “orgulho” na obra do pai e relativizou o problema da corrupção no país.
Temos desafios, concordo, temos de reconhecer que o acesso equitativo a infraestruturas e educação são fundamentais. Mas os nossos desafios também são demográficos. Tivemos um crescimento populacional que foi muito significativo”, alegou a filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, num evento em Londres promovido pela Thomson Reuters.
A população angolana foi estimada pela ONU em 29,8 milhões de habitantes, o que representou um crescimento de 10 milhões desde 2011.
“A demografia não está a ajudar, mesmo que a nossa economia esteja a crescer bastante depressa”, justificou Isabel dos Santos.
Entrevistada numa sessão pública pela editora de internacional da agência noticiosa Reuters, Alessandra Galloni, a empresária resistiu a comentar a situação política no país e a transição política, que colocou fim a 38 anos de governação do pai, José Eduardo dos Santos.
O novo Presidente, João Lourenço, foi eleito a 23 de agosto, numas eleições que Isabel dos Santos descreveu como “um grande exemplo para África”, por terem sido “livres e justas”, com participação elevada e que resultaram numa “transição pacífica”.
A atual presidente do Conselho de Administração da Sonangol disse ser difícil falar do papel do pai enquanto ex-Presidente do país ou presidente do MPLA, porque olha para ele como “a pessoa que está em casa” consigo e com os filhos e para a família como um assunto privado.
Porém, acabou por afirmar: “O Presidente dos Santos tem uma história fantástica, é um grande líder para África”.
Lembrando a transformação do país desde o fim da guerra, há 15 anos, em termos de infraestruturas, como estradas, portos marítimos, aeroportos, escolas e hospitais, declarou: “Quando olho para o que foi construído em Angola, posso dizer que me sinto orgulhosa”.
Confrontada com o tema da corrupção no país, admitiu que os líderes políticos têm o dever de confrontar o problema, mas não considera que este seja endémico nos angolanos, mas transversal em todo o mundo.
“A corrupção é como uma árvore que esconde a floresta. Acho que temos muitos problemas no meu país, esse não é o único problema. A corrupção não é uma questão específica de um povo, ou de um país, é específico do ser humano. Depende da educação que se tem, da mãe, do pai, do professor”, argumentou.