Em declarações hoje à agência Lusa, Teixeira Cândido fez saber que falta apenas uma posição firme das direções dos órgãos públicos de informação de adesão a este protesto, convocado pelo sindicato, sobre a cobertura à reunião plenária destinada a apreciar e votar, na generalidade, o Orçamento Geral do Estado angolano de 2018.
"Temos já alguma adesão considerável, mas ainda não temos uma posição firme dos órgãos públicos, apesar de já termos manifestado junto dos diretores para a área de informação dos órgãos públicos a nossa pretensão. Vamos voltar a discutir com eles e esperar que no dia 18 possamos efetivar isso", afirmou.
Aquele sindicato protesta contra as condições de trabalho a que os jornalistas são submetidos no parlamento angolano, no acompanhamento das reuniões plenárias, confinados a uma sala com um ecrã de televisão para transmissão da atividade, mas sem poderem ter acesso à sala ou sequer conferir os resultados das votações, apesar do rigoroso processo de credenciamento para entrar no perímetro da Assembleia Nacional.
Numa das sessões plenárias realizadas em dezembro, os jornalistas insurgiram-se mesmo contra a presença, na sala, de um agente da Polícia Nacional.
Uma postura que, segundo o líder dos jornalistas angolanos, contraria o regimento da Assembleia Nacional.
"Não aceitamos a condição em que submetem os profissionais, o regimento interno da Assembleia Nacional diz que as transmissões são públicas, não faz sentido que os jornalistas não estejam presentes no hemiciclo", justificou.
Porque, assinala, "não há no regimento nenhuma proibição" nesta matéria, até porque está previsto o acesso do público à sala.
Segundo o secretário-geral do SJA, a par da intenção do boicote à cobertura dos trabalhos da reunião plenária convocada para 18 de janeiro, com a votação na generalidade do primeiro Orçamento da presidência de João Lourenço, o sindicato já manifestou o seu desagrado junto dos grupos partidários.
"Escrevemos para todos os grupos parlamentares, para a sétima comissão parlamentar, a dar conta e a fundamentar que o regimento não proíbe os profissionais de ficarem no hemiciclo. Daí julgarmos que a Assembleia Nacional esteja a interpretar mal o regimento, porque lá não há qualquer proibição para jornalistas", recordou.
Numa alusão à conferência de imprensa de segunda-feira, feita pelo Presidente da República, João Lourenço, nos jardins do Palácio Presidencial, em Luanda, em que estiveram presentes cerca de 150 jornalistas, Teixeira Cândido diz que o sindicato está a travar "uma batalha" com o parlamento.
"Espero que o parlamento pelo menos aprenda com o Presidente da República, que já mostrou que precisa interagir para mostrar às pessoas como está a gerir o país", rematou.