"Isso não é verdade e é mais uma manobra de diversão para chamar atenção. Não há nada de concreto em relação a isso. Não temos nenhuma informação que nos leva a acreditar nisso, até porque em conversa com o comandante de Cabinda e outras entidades locais não se confirma", afirmou à Lusa o porta-voz do comando-geral da Polícia Nacional de Angola, Orlando Bernardo.
O oficial afirmou ainda que a situação em Cabinda está "completamente controlada" e que "nenhum comando reportou nada diferente no que diz respeito ao estado do efetivo local".
Os independentistas da Frente de Libertação do Estado de Cabinda anunciaram que fizeram hoje reféns quatro elementos da Polícia Nacional de Angola pedindo a mediação do Comité Internacional da Cruz Vermelha para a sua libertação.
A informação foi divulgada através de um "Comunicado de Guerra" assinado pelo tenente-general Alfonso Nzau, chefe da brigada de Maiombe Sul das Forças Armadas Cabindesas (FAC).
De acordo com o mesmo anúncio, uma patrulha mista de soldados das Forças Armadas Angolanas (FAA) e elementos da Polícia Nacional de Angola terá sofrido na madrugada de segunda-feira, 15 de maio, uma "emboscada" das FAC na povoação de Nhuca, região de Buco Zau.
"Dois soldados das FAA foram mortos e quatro polícias do governo angolano foram capturados pelas FAC. Os quatro angolanos são nossos prisioneiros de guerra e como tal serão tratados", lê-se no comunicado.
A FLEC-FAC acrescenta que pretende libertar estes prisioneiros, como "medida humanitária", lançando um "apelo" ao Comité Internacional da Cruz Vermelha "para mediar a libertação dos angolanos feitos prisioneiros".
Segundo Orlando Bernardo a situação operativa no enclave de Cabinda é normal, contando o comando local da polícia com cerca de 1.500 efetivos.
"Pois Cabinda não é Angola e nem é Luanda. Se desaparece uma pessoa em Cabinda em dois minutos as pessoas sabem, quanto mais três ou quatro polícias", questionou.
A organização independentista recorda que a 01 de fevereiro de 1885 foi assinado o Tratado de Simulambuco, que tornou aquele enclave num "protetorado português", o que está na base da luta pela independência do território.
O enclave de Cabinda, no 'onshore' e 'offshore', garante uma parte substancial da produção total de petróleo por Angola, atualmente superior a 1,6 milhões de barris por dia.
Desde 2016, quando retomou a luta armada, a FLEC-FAC já reivindicou dezenas de ataques mortais a militares das FAA.
O ministro do Interior de Angola afirmou em outubro que a situação em Cabinda é estável, negando as informações das FAC, que só entre agosto e setembro tinham reivindicado a morte de mais de 50 militares angolanos em ataques naquele enclave.
"Em Cabinda, o clima de segurança é estável, é uma província normal, apesar de algumas especulações e notícias infundadas sobre pseudo-ações militares que se têm realizado", disse o ministro Ângelo da Veiga Tavares.
O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas também desmentiu em agosto, em Luanda, a ocorrência dos sucessivos ataques reivindicados pela FLEC-FAC, com dezenas de mortos entre os soldados angolanos na província de Cabinda.
O general Geraldo Sachipengo Nunda disse então que a situação em Cabinda é de completa tranquilidade, negando qualquer ação da FLEC-FAC, afirmando que aqueles guerrilheiros "estão a sonhar".
LUSA