A comunidade chinesa residente em Angola diz sentir-se insegura e apavorada com os elevados casos de assassinatos dos seus patrícios, em Angola. Nos últimos dois meses, um total de seis chineses foram assassinados no país, sendo as províncias de Luanda e de Benguela os locais em que ocorreram, conforme deu a conhecer, ontem, João Shang, porta-voz da Associação dos Chineses Voluntários. Conforme detalhou, o primeiro caso ocorreu por volta das 21horas, do dia 24 de Abril, em Benguela. Neste dia, dois chineses foram mortos no interior de uma fábrica de madeira. No mesmo mês, já no dia 27, por volta das 15 horas, uma cidadã chinesa foi morta à tiro numa bomba de combustível, na zona do São Paulo, em Luanda.
A acção criminosa foi protagonizada por dois jovens que se faziam transportar numa motorizada. No dia 4 de Maio, às 8 horas, um outro cidadão foi morto por um grupo de jovens que utilizaram, como arma do crime, um objecto cortante. O crime ocorreu na zona de Catete, município de Icolo e Bengo. Já os últimos dois assassinatos ocorreram no dia 2 de Junho, por volta das 9 horas, no Jardim do Éden, na zona do Camama, em Luanda. Para além destas mortes, João Shang referiu que outros tantos cidadãos chineses encontram-se gravemente feridos em consequência de tentativas de assalto.
Em muitos casos, as vítimas são feitas reféns, um facto que obriga a família e a comunidade pagar, aos carrascos, elevadas somas monetárias para a sua soltura. O caso de um cidadão que foi sequestrado por um grupo de jovens armados no Kikuxi, conheceu o mesmo historial. Para o seu resgate, família, amigos e a comunidade residente em Luanda tiveram de desembolsar 2 milhões e 45 mil Kwanzas. “Estas mortes são apenas as que a nossa associação registou, sem falar daquelas tantas outras que acontecem e não chegam ao nosso conhecimento porque, como sabe, a comunidade chinesa em Angola é enorme. E nem sempre temos o registo de todos, sendo que muitos preferem trabalhar no anonimato”, frisou.
Clima de medo força abandono do país
Segundo João Shang, alguns destes crimes já estão sob alçada da polícia, outros encontram- se ainda por esclarecer. No entanto, dado o elevado número de vítimas e o carácter a cruel dos crimes, a comunidade chinesa residente em Angola começa a ser tomada pelo pânico. Com este clima instalado, muitos Chineses, como explicou a fonte, preferem abandonar o nosso país. “Sem segurança é impossível continuar a trabalhar.
E muitos dos que estão de regresso à China são donos de empresas que empregam centenas de angolanos. Com isso, muitos cidadãos perdem o emprego. O que lamentamos. É triste!”, deplorou. Por seu lado, Mateus Rodrigues, director do gabinete de comunicação institucional e imprensa do ministério do Interior, prometeu se pronunciar sobre o assunto ainda hoje, e assegurou que a polícia tem registados, até ao momento, os dois assassinatos ocorridos dia 2 de Junho, no Jardim do Éden. OPAIS