"Estamos conscientes que a colaboração entre os BRICS e a África pode levar à criação de sociedades inclusivas e de parcerias globais de interesse", disse o chefe de Estado angolano na sua intervenção na iniciativa BRICS África.
João Lourenço participa na qualidade de chefe de Estado e presidente em exercício do Órgão de Cooperação Política, Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
"Os BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] podem igualmente através das instituições de caráter económico e financeiro que pretendem criar, contribuir para reforçar a tendência para a criação de um mundo onde as decisões sejam tomadas de forma cada vez mais multilateral, equilibrada e justa", afirmou.
O Presidente João Lourenço disse que "as áreas de cooperação propostas pela Presidência da África do Sul, que vão desde a manutenção da paz, as questões do género e de uma nova estratégia de cooperação económica até às novas tecnologias da informação e da comunicação, "revelam bem a amplitude e profundidade das questões a debater nesta cimeira".
"Alavancar a estratégia para a parceria económica de África com os BRICS na perspetiva do crescimento inclusivo e da prosperidade compartilhada com o avanço da 4.ª revolução industrial, pode efetivamente potenciar o desenvolvimento sustentável, a inclusão económica, a reforma do Estado, a boa governação, a modernização e desburocratização dos serviços públicos assim como o surgimento da economia digital e do governo eletrónico", precisou o chefe de Estado angolano.
"Por esta razão, pretendemos em Angola explorar as potencialidades das TIC (Tecnologias de Informação) na sua dimensão económica, social, cultural e ambiental, e transformar as telecomunicações num elemento catalisador do desenvolvimento económico em geral, sem esquecer a necessidade da harmonização com os países vizinhos da África Austral e Central, e com o mundo em geral", disse.
"Tendo tido a ocasião de frisar o grande esforço de reconstrução nacional que Angola tem feito, investindo bastantes recursos em infraestruturas e obras sociais embora ainda insuficientes para colmatar as crescentes exigências das populações e das empresas, no que diz respeito às suas necessidades básicas", explicou.
"Reitero aqui o apelo então feito para que ajudem a República de Angola a superar os constrangimentos ainda existentes para colocar a economia angolana ao serviço do desenvolvimento, do progresso e do bem-estar das populações", disse o Presidente de Angola.
"Sabemos que em determinado momento do percurso histórico dos vossos países, passaram também pelo estágio do desenvolvimento económico e social que os nossos países atravessam hoje", referiu.
"Compatriotismo, disciplina coletiva, aposta na educação, trabalho e boa organização da sociedade, conseguiram dar o salto decisivo para a industrialização dos vossos países, tornando-os no que são hoje", sublinhou.
"Acreditamos que na atual conjuntura da globalização e das tecnologias da informação e comunicação, os nossos países poderão saltar etapas, encurtando desta forma o caminho do progresso e do desenvolvimento", adiantou João Lourenço.
"O vosso exemplo nos inspira e motiva, a trabalhar com a ambição de almejar o objetivo de um dia se poderem acrescentar outras letras à sigla BRICS", afirmou.
"Espero que as conclusões e deliberações nesta cimeira sejam positivas e contribuam para um mundo mais justo e equilibrado e multilateral", concluiu o Presidente de Angola.
O chefe de Estado angolano, desde quinta-feira na capital sul-africana, Joanesburgo, manteve encontros, em privado, com o Presidente da China, Xi Jinping, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro da Índia Narendra Modi, à margem da plenária da 10.ª Cimeira dos BRICS.
Na reunião dos chefes de Estado e de Governo do BRICS África, participa ainda o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, juntamente com líderes da SADC, Etiópia, Gabão, Ruanda, Seicheles, Senegal, Togo, Uganda, e do BRICS Plus (Argentina, Jamaica e Turquia).
O bloco económico dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), representa no seu conjunto um quarto da área geográfica do planeta, 43% da população mundial e um quinto do produto interno bruto global.