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Trabalhadores de empresa de Pontes questionam destino de 1,54 milhões de euros

Post by: 12 Março, 2019

Os trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes de Angola (ENPA), sem salários há 59 meses, questionaram hoje o destino dos 548 milhões de kwanzas (1,54 milhões de euros) recebidos pela administração na negociação de títulos da dívida pública.

Em declarações hoje aos jornalistas, em Luanda, o primeiro secretário da comissão sindical da empresa pública, Mateus Muanza, explicou que a ENPA, alvo de um Acordo de Parceria, assinado em outubro com um consórcio sino-angolano, tem agora condições de liquidar "pelo menos um ano dos [salário] atrasados".

"O valor que apareceu proveniente da dívida pública é de 548,112 milhões de kwanzas e, a par disso, também a direção da empresa vendeu três britadeiras no valor de 27 milhões de kwanzas (76 mil euros), valores que poderiam pelo menos pagar um ano dos atrasados", disse.

De acordo com o sindicalista, os trabalhadores manifestam-se "indignados" pelo facto de a direção ter liquidado, em finais de fevereiro passado, "apenas quatro meses em atraso e sem qualquer informação adicional" sobre os próximos passos.

Há cinco anos sem salários, adiantou Mateus Muanza, a comissão sindical tem procurado persuadir os membros de direção para que, com a verba arrecadada, pagarem "pelo menos um ano, mas sem sucesso".

"Temos várias dívidas a pagar, famílias desagregadas, filhos sem estudar e, ainda assim, nem sequer nos é prestada a devida atenção pelas autoridades. Não é um favor, é um direito que nos cabe. Por favor resolvam a nossa situação", afirmou.

A ENPA foi comprada por um consórcio privado formado pelas empresas angolanas Adisandra e Feront e a chinesa CRBGA, concluindo um processo de privatização que decorria desde fevereiro de 2018, conforme noticiou a Lusa em outubro desse ano.

Numa nota oficial, o Ministério da Construção e Obras Públicas de Angola, que detinha a tutela da ENPA, referiu que a empresa foi vendida ao consórcio CRBGA por dois milhões de dólares (1,7 milhões de euros), e que estava garantido o pagamento dos anos de salários em atraso aos funcionários, situação que não conheceu mudanças.

Ainda em outubro, os trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes de Angola pediram a intervenção do Presidente angolano, João Lourenço, no esclarecimento sobre a seriedade do Acordo de Parceria assinado com o consórcio sino-angolano, atualmente em análise jurídica no Ministério da Construção e Obras Públicas.

Hoje, o primeiro secretário da comissão sindical da empresa pública de pontes afirmou que a questão da parceria "é um caso complicado", salientando que, num dos encontros com a direção da nova empresa, um dos diretores indicou desconhecer a situação.

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