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"Zungueiras" querem criminalização e indemnizações às famílias de vítimas

Post by: 14 Março, 2019

A morte a tiro pela polícia esta terça-feira em Luanda de uma "zungueira", levou à detenção de dois polícias por disparos indiscriminados, mas a Associação de Vendores Ambulantes quer também que as famílias das vítimas sejam ressarcidas.

O assassínio a tiro esta terça-feira (13/03) por um polícia em Luanda da jovem "zungueira" ou vendedora ambulante Juliana Cafrique, ocorreu no quadro da Operação Resgate em curso em Angola desde Novembro de 2018 e o comandante-geral da polícia Paulo de Almeida que já pediu desculpas à sua família, afirmou que o agente que disparou está detido, será submetido a um processo disciplinar e criminal, que poderá culminar no seu afastamento da corporação, admitindo que ele "disparou perante uma cidadã indefesa".

Já o porta-voz do comando provincial da polícia de Luanda, Mateus Rodrigues afirmou esta quinta-feira (14/03) em conferência de imprensa que "nada justifica um disparo indiscriminado contra uma cidadã...e que dois agentes foram detidos e serão responsabilizados disciplinar e criminalmente".

Há registo de feridos e foram detidos pelo menos 18 suspeitos de envolvimento nas acções de arruçao, dans maeriais e insurreição contra as forças de segurança.

Associação Nacional de Vendedores Ambulantes, que tem 7.386 aderentes nas províncias de Luanda, Benguela, Bié, e Huambo, está a expandir-se para o Lubango e Moxico, e pretende ser a maior Associaçao de Angola.

Em Angola, o comércio ambulante, feirante e de bancadas é autorizado por lei, mediante em certo enquadramento, mas o presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes, José Ambrósio Cassoma, afirma que o governo não a cumpre e sistematicamente dá ordem de repressão aos vendedores informais.

Esta Associação pede desde há três anos um encontro com o governo para analisar a questão dos vendedores ambulantes - zungueiras, quinguilas e quitandeiras - na sua maioria do sexo femininio, sem ter obtido qualquer resposta, além da ordem de repressão policial, segundo p residente da mesma.

José Ambrósio Cassoma afirma que esta não é a primeira morte de "zungueiras" no país e pediu o apoio da associação de advogados e de defesa de direitos humanos Mãos Livres, para apresentar uma queixa crime contra o governo Provincial de Luanda e a polícia, para obter por um lado a responsabilização criminal e expulsão da corporação dos polícias implicados na morte de Juliana Cafrique, mas também para que as famílias das vítimas sejam ressarcidas.

Ana Nassapalo Kapoco, de 22 anos de idade exerce a actividade de"zungueiradesde 2012, apesar de ter feito estudos e ter a ambição de ser enfermeira, não consegue emprego na província de Benguela onde reside, e é o único sustento da sua família de três bébés e cujo marido está no desemprego.

Pessoalmente ela nunca foi vítima de violência física, mas assistiu à repressão contra outras colegas, que voiram as suas bancas destruídas pela polícia, que ou lhes confisca os bens ou pura e simplesmente os espalha pelo chão, provocando a sua perda.

De recordar que o termo "zungueira" tem a sua origem etimológica na palavra "zunga" uma expressão da língua kimbundu, que em tradução literal para português significa circular, andar à volta ou girar e em jargão angolano designa os vendedores ambulantes ou comerciantes de rua. RFI

Last modified on Quinta, 14 Março 2019 20:12
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