"A escala do novo aeroporto, que tem como meta um trânsito de 10 milhões de passageiros por ano, é impressionante, mas temos dúvidas sobre se há procura suficiente para um aeroporto tão grande, ou se uma instalação deste tamanho pode ser mantida", escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.
Para além disso, acrescentam, "a localização na periferia da capital com trânsito congestionado pode ser um problema", já que "as novas estradas e as ligações ferroviárias que estão a ser construídas para ligar o aeroporto ao centro da cidade devem tornar as ligações ainda mais demoradas devido ao crescente volume de tráfego".
A análise da EIU surge dias depois da publicação de um despacho presidencial que autoriza a reabilitação urgente da pista do atual aeroporto internacional de Luanda, empreitada aprovada pelo Presidente da República, na sequência do anúncio da reformulação do projeto do novo aeroporto da capital do país.
A informação consta de um despacho presidencial de 11 de março, a que a Lusa teve acesso, que autoriza a empreitada, embora sem adiantar valores, "devido ao caráter de urgência da reabilitação da pista do aeroporto 04 de Fevereiro".
O mesmo despacho autoriza "a despesa e a abertura do procedimento de contratação simplificada" para a reabilitação da pista do aeroporto de Luanda, construído no período colonial e modernizado há cerca de uma década.
O documento refere ainda que o Ministério das Finanças deve "assegurar os recursos financeiros necessários" à empreitada de reabilitação.
O Governo angolano anunciou na semana passada que as obras do Novo Aeroporto Internacional de Luanda (NAIL), em construção por empreiteiros chineses há dez anos e com financiamento da China, vão ser submetidas a correções de engenharia e funcionalidade, para adequar a estrutura aos padrões da modernidade, inovação e de conforto dos passageiros.
Segundo o ministro dos Transportes angolano, Ricardo de Abreu, as correções ao projeto, a decorrer até 2022, serão lideradas por uma comissão técnica, a indicar.
As medidas resultam de informações constantes de um memorando sobre o estado de execução da obra, aprovado já este mês em Conselho de Ministros, em que não foi avançada uma data para a abertura das operações aeroportuárias.
"Estamos a falar de um projeto que começou há dez anos, cuja concessão também é muito antiga", afirmou Ricardo de Abreu, aludindo à obra em edificação na comuna do Bom Jesus, no município de Icolo e Bengo, a 30 quilómetros de Luanda, capital do país.
Em outubro de 2017, após uma visita realizada pelo Presidente angolano, João Lourenço, foi anunciado que o NAIL deveria começar as operações em 2019, um atraso de dois anos em relação à previsão anterior, tendo o adiamento sido justificado por dificuldades financeiras.
Já este mês, o ministro dos Transportes assegurou que já existe uma reserva financeira do Ministério das Finanças para se avançar com os trabalhos de correções.
Os vários contratos públicos envolvendo obras do NAIL e acessibilidades rodoviárias estão avaliados em mais de 5.000 milhões de dólares (cerca de 4.350 milhões de euros).
O Governo angolano prevê que o Novo Aeroporto Internacional de Luanda poderá acolher até 15 milhões de passageiros por ano.