A informação foi avançada hoje à agência Lusa pelo porta-voz provincial do Bengo do Sindicato dos Professores (Sinprof), Mbaxi Paulino, afirmando que a decisão de paralisação, que acontece desde as primeiras horas de hoje, surge porque "nem sequer 10% dos pontos reivindicados" foram respondidos.
"Estivemos reunidos na sexta-feira e não houve consenso. Ontem voltamos a reunir e não reinou consenso, daí que estamos a observar o primeiro dia de greve. Mas ainda assim deixamos em aberto a possibilidade de dialogar com o patronato, mas hoje a greve está efetivada a nível de toda província do Bengo. Ela entrou em vigor a partir das 07:00 e continua a ser por tempo indeterminado", disse Mbaxi Paulino.
Segundo o sindicalista, em relação aos pagamentos em atraso aos professores, um dos pontos em reivindicação, apenas foram pagos 200 beneficiários num universo de 2.569 professores, pagamento iniciado nos últimos dias.
"E com agravante de que destes que foram pagos, muitos nem sequer receberam metade do que deviam. Não se compreende a forma de pagamento que está a ser feito. Isso está a criar mal-estar na classe, ainda assim esperamos por esclarecimentos", referiu.
A exoneração de doze coordenadores de disciplina, afastados por terem aderido às duas fases da greve nacional de professores que decorreram em abril, e a reposição da quota sindical constam, igualmente das motivações da greve dos professores na província do Bengo, uma situação que segundo Mbaxi Paulino configura um atropelo a lei.
Em declarações hoje à agência Lusa, o diretor de Educação da província do Bengo, António Quino, fez saber que o governo local disponibilizou uma verba para pagar dívidas dos professores, pagamentos que começaram já a ser feitos na quinta-feira em ordem alfabética tendo apelado ao "bom senso dos professores em suspenderem a greve".
"São dívidas acumuladas desde 2016, são no total 2.569 professores com quem o estado tem dívidas sobre subsídio de chefia, de exame, o 13.º mês que no outro ano não foi pago. Julgamos agora ter normalizado o processo que começou em novembro último com a prova de vida dos professores", disse.
António Quino esclareceu que nomeações e exonerações são suas competências discricionárias, mas que o processo começa na escola e no respetivo município, classificando como "um contrassenso" as reclamações do Sinprof, uma vez que "todos os quadros do setor estão sujeitos a nomeações ou exonerações".
O ano letivo de 2017 em Angola arrancou oficialmente a 01 de fevereiro, com quase 10 milhões de alunos nos vários níveis de ensino, decorrendo as aulas até 15 de dezembro.
Em Angola os professores fizeram greve de forma interpolada entre 05 e 07 de abril e depois a 25 de abril, paralisação que deveria prolongar-se até 05 de maio, mas foi suspensa no quadro das negociações entre o Sinprof e o Ministério da Educação.
LUSA