Em declarações à agência Lusa, em Luanda, o presidente da Associação 25 de Abril em Angola, Ludgero Escoval, no cargo desde 2016, lembrou que a efeméride é organizada em parceria com a Liga Angolana de Amizade com os Povos (LAASP) e que pretende "não deixar morrer".
"Esta celebração do 45.º aniversário [do '25 de abril'] é um ato simbólico, que não queremos deixar morrer. Todos os anos temos sempre uma vertente cultural e outra lúdica e recreativa. Mas este ano, resolvemos privilegiar, em função da própria dinâmica que se foi criando nas relações entre Portugal e Angola, a solidariedade entre os povos", sublinhou.
A celebração, que decorrerá na sede da associação, em Luanda, contará com intervenções das duas instituições de solidariedade e de amizade entre os povos, bem como com a participação do Rui Mingas [também autor da canção "Os Meninos do Huambo"], que irá falar sobre a experiência e vivência como embaixador de Angola em Portugal "num momento delicado", durante o chamado Processo Revolucionário em Curso (PREC).
"Acho que dá um bom testemunho", sublinhou Ludgero Escoval, mestre em Direito Público, professor associado e decano da Faculdade de Ciências Jurídicas e Políticas da Universidade Gregório Semedo, em Luanda, e natural de Moura (Alentejo), onde nasceu a 18 de setembro de 1950 (68 anos).
O antigo alferes português, que combatia em Tete (Moçambique) quando se deu o 25 de abril de 1974 em Portugal, regressando a Lisboa em setembro do mesmo ano, destacou também a presença na celebração de uma delegação da Associação dos Moçambicanos, que irá prestar também um testemunho sobre o estado de Moçambique e a necessidade de solidariedade e amizade, sobretudo na sequência do ciclone Idai que devastou o centro do país em meados de março.
Do programa consta ainda a atuação do cantor português Bruno Rodrigues e de um outro, "ainda surpresa", em que se cantará a célebre música de José Afonso "Grândola Vila Morena", a "senha" para o início da "Revolução dos Cravos", que pôs termo ao regime do Estado Novo em Portugal e, por inerência, que conduziu ao fim da guerra na África portuguesa.
Segundo Ludgero Escoval, o primeiro objeto da Associação 25 de Abril em Angola, criada em 1976 e que conta atualmente com cerca de 1.000 sócios, na quase totalidade portugueses, é a solidariedade entre os povos e o estreitamento dos laços entre os dois povos, bem como a representação dos portugueses, "independentemente de quem está no Governo e das políticas que cada um prossegue, e tentar fazer a ponte entre os dois".
A ligação à Associação 25 de Abril em Angola, de que é membro desde que chegou a Angola, em 2002, dá-se pela mão do antigo presidente da instituição, Grandão Ramos, de quem foi colaborador próximo até 2016, e que, "face a uma tragédia pessoal", teve de deixar a organização, em 2016, ano em que assumiu o cargo.
Por outro lado, explicou, a atividade académica trouxe-lhe muitas amizades na esquerda política portuguesa, tendo sido eleito como autarca na Brandoa (arredores de Lisboa), Oeiras e Amadora (foi um dos fundadores da câmara municipal), Moura (terra natal) e Beja.