“Quem não se revê nessa direção tem de optar pelo diálogo e pela reconciliação”, afirmou Jomo Fortunato, numa entrevista quinta-feira à noite à Televisão Pública Angolana (TPA).
Para o governo, “já não há conflito” no seio da IURD depois da eleição, pela ala angolana, do bispo Valente Bizerra Luís, no início de fevereiro, pondo fim à comissão de reforma, em funções desde novembro de 2020.
A legitimidade desta assembleia-geral tem sido contestada pela anterior direção da IURD Angola, afeta à hierarquia brasileira, da qual saiu a ala dissidente que foi agora legitimada. Segundo a ala original da IURD Angola, a liderança da igreja originariamente criada no Brasil é representada no país africano pelo angolano António Miguel Ferraz, na qualidade de vice-presidente do conselho de direção.
Contudo, segundo o ministro angolano da Cultura, a assembleia-geral extraordinária que elegeu Valente Bizerra Luís foi realizada com base nos estatutos da IURD e, do ponto de vista legal, o resultado foi confirmado pelo Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos (INAR).
A crise na IURD em Angola resulta de divergências entre pastores e bispos angolanos e brasileiros sobre a gestão dessa instituição e queixas de humilhações, discriminação e crimes económicos.
Após meses de conflitos e convulsões internas, a IURD em Angola cindiu-se, tendo a ala dissidente (angolana) criado uma Comissão de Reforma, em divergência com a direção brasileira, que agora diz estar legitimada numa nova IURD de Angola.
A Procuradoria-Geral da República de Angola apreendeu e mandou encerrar, no ano passado, as catedrais da IURD em várias províncias angolanas pela alegada prática dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal, exportação ilícita de capitais e outros ilícitos de natureza análoga, na sequência da disputa entre os dissidentes da ala angolana e os pastores brasileiros da igreja fundada por Edir Macedo.
Na quinta-feira, o governo angolano promoveu uma conferência sobre o diálogo inter-eclesial.
“Nós pretendemos, com essa conferência, congregar as igrejas, as várias confissões religiosas, numa plataforma comum no seu diálogo com o Estado”, justificou o ministro, recordando que “a história cultural de Angola também passa pelas igrejas angolanas”.