Contactados hoje, quinta-feira, pela ANGOP, os moradores foram peremptórios em afirmar que a Centralidade do Kilamba não necessita de um mercado, nem com um ou sete hectares, pois este espaço apenas vai aumentar a quantidade de lixo, venda ambulante e outros vícios próprios dos locais onde existem mercados.
Luzia Faria, moradora do quarteirão R, que conhece bem a realidade de viver próximo de um mercado com grande volume de negócio, por ter vivido no Nélito Soares, nas imediações do Mercado dos Congolenses, disse que a privacidade é evadida, os arredores e as ruas adjacentes aos mercados albergam vendedores ambulantes e são transformadas em casas de banho.
Carlos Borges questiona-se como será coabitar num espaço reservado a construção de moradias com um movimento tão grande, sugerindo a administração que procure um outro local para construir um mercado com a dimensão que pretende.
“Grandes superfícies comerciais do tipo informal, não devem estar em centros urbanos. Mercados informais como o Kikolo são pontos de escoamento de mercadorias provenientes e para todos os pontos do país, o que significa grandes fluxos de automóveis pesados, e tendo o Kilamba apenas dois acessos, estas estradas rapidamente irão deteriorar-se”, desabafa o morador.
A moradora Conceição correia, do Bloco W, afirma que mercados informais atraem e propiciam o surgimento de prostituição e alambiques, e sendo o Kilamba uma zona urbanizada não faz sentido a construção de um mercado com dimensões fora do padrão dos habitantes da centralidade.
O sociólogo António Mateus diz que o volume de actividades que um mercado abarca desmorona a tranquilidade e o bem-estar dos moradores, por se tratar de um espaço comercial que vai integrar uma vasta gama de actividades que atravessam praticamente todos os sectores
Está-se a falar do sector retalhista, semi-grossista e grossista, transporte de passageiros e de mercadorias, a produção artesanal de bebidas alcoólicas e de bens alimentares confeccionados, a prestação serviços, dificuldade no estacionamento, de acesso as residências ou aos demais serviços, uma serie de transtorno que descaracterizam o aspecto arquitectónico criado para uma centralidade, afirmou.
António Mateus afirma que os serviços prestados em mercados como o do Kicolo, KM30, Katintom, Kwanzas, Asa Branca, devem ser criados fora das áreas residenciais, obedecendo certos requisitos, devido os constrangimentos causados, como roubos, prostituição, estacionamentos complicados e, acumulação de lixo.
Já Sebastião Vinte e Cinco, que fez o enquadramento jurídico da situação litigiosa entre a administração do Kilamba e a EGTI , diz estar-se perante um caso de usurpação de terreno, envolvendo um ente público que pode ser responsabilizado, e a EGTI pode instaurar uma participação criminal junto da Serviço de Investigação Criminal (SIC).
De acordo com o Jurista , a construção do futuro mercado do Kilamba é um acto de desautorização de um ente público que não pretende respeitar os limites da sua actuação e as competências da outra, no caso a EGTI.
No dia 30 de Abril, a Empresa Gestora de Terrenos Infra-Estruturados (EGTI) teve que suspender a operação que previa demolir o futuro mercado da Centralidade do Kilamba por falta de consenso entre a entidade gestora e o empreiteiro da obra.