Em declarações à agência Lusa, no centro de vacinação Paz Flor em Luanda, o secretário de Estado para Saúde Pública de Angola, Franco Mufinda, considerou que a adesão está a ser “boa”, continuando a ser mobilizados recursos humanos e realizados esforços para adquirir mais vacinas e completar as 12 milhões de doses esperadas para a imunização desta população com cerca de 30 milhões de pessoas.
Segundo Franco Mufinda, a chegada de mais vacinas ao país está muito dependente da produção a nível mundial.
O responsável frisou que o país continua a aguardar a chegada da segunda tranche da vacina AstraZeneca, através da iniciativa Covax, que permitirá a cobertura de 20% das necessidades da primeira fase, que tem como grupos prioritários profissionais da educação e da saúde, idosos acima de 60 anos e pessoas com comorbilidades.
“Estamos a eleger outras pessoas também de risco, nomeadamente pessoas que trabalham nos bancos, que têm contacto com o público, na Administração Geral Tributária, e à medida que vamos tendo vacinas vamos elegendo outros grupos de risco”, salientou.
Instado a comentar o receio que muitas pessoas ainda têm de aderir à vacinação, Franco Mufinda admitiu a necessidade de melhorar a comunicação.
“Acreditamos que devemos trabalhar na informação, educação e comunicação, este papel tem que ser em cascata, é uma tarefa de todos, toda a sociedade deve estar imbuída nessa atividade para levar a informação à nossa população. Temos que martelar, trabalhar, insistir, nesta informação para que haja uma adesão maior” à vacinação, que está a ser levada a cabo com as vacinas AstraZeneca, Sinopharm e Sputnik, frisou.
As autoridades estão neste momento a administrar a segunda dose da vacina AstraZeneca, tendo até quarta-feira sido vacinadas 34.743 pessoas das 500.870 inoculadas com a primeira dose, segundo a diretora nacional de Saúde Pública, Helga Freitas.
Em declarações à Lusa, Helga Freitas reforçou que o processo está a decorrer “muito bem”, salientando que a primeira dose obteve um alcance de 97% das pessoas do grupo alvo e apelou para que as pessoas façam a imunização total com a segunda dose.
A responsável concordou que existem ainda pessoas céticas quanto ao processo de vacinação, mas as autoridades acreditam que vão conseguir atingir o seu objetivo.
“Penso que as pessoas hoje já estão mais sensibilizadas e é esse o nosso trabalho, sensibilizar as pessoas cada vez mais. Temos que ver que há novas variantes, que podem levar a fases bem mais graves da doença e que podem até provocar a morte e a vacina reduz estas fases graves da doença e a mortalidade nas populações”, sublinhou.
Na quarta-feira, quem também apanhou a segunda dose da vacina AstraZeneca foi a representante da Nações Unidas em Angola, Zahira Virani, que elogiou o plano de vacinação do Governo de Angola e exortou à toma da vacina, que é segura.
“Acabei de tomar a segunda dose da vacina AstraZeneca, estou aqui para mostrar e dizer que a vacina é segura. Além disso, a vacinação é a nossa melhor resposta neste momento para combater esta pandemia e queria encorajar todos que estão elegíveis para tomarem a vacina”, referiu.
Zahira Virani enalteceu a abrangência da vacinação no país, porque “a covid-19 não conhece passaportes e nacionalidades”.
A representante da ONU em Angola destacou o papel da organização nesse processo, através da Organização Mundial de Saúde (OMS), que “dia e noite” trabalha com o Governo, com o Ministério da Saúde em Luanda e nas províncias.
Relativamente aos receios que várias pessoas ainda sentem sobre a vacina, Zahira Virani disse que a questão tem sido debatida.
“Estamos a trabalhar com o Governo para disseminar informação correta, para combater as ‘fake news’ e para assegurar que a informação é segura. Vou dar o exemplo da Inglaterra e dos Estados Unidos da América, onde a taxa de vacinação é alta e eles estão a redescobrir a vida”, disse.
Arlindo Sicato, de 59 anos, também recebeu a segunda dose da vacina, sem sentir “nenhuma alteração em termos físicos ou emocionais”.
“Acho que correu bem. Na primeira dose também não senti absolutamente nada de anormal”, disse, realçando que a adesão é boa, sobretudo dos idosos, que “têm medo de morrer” por causa da covid-19.
De acordo com Arlindo Sicato, muitas pessoas ainda se recusam a apanhar a vacina porque circulam muitas opiniões, o que “em certa medida desencoraja muito”.
“Porque dizem que uma é melhor que a outra, uma precisa de uma dose e outras precisam de duas doses, houve problemas de trombose, isso tudo é que, às vezes, assusta as pessoas. Por isso, era melhor que os serviços de saúde esclarecessem cada as pessoas para que estejam certas daquilo que devem fazer, senão criam dúvidas e isso retrai muita gente”, disse.
Teresa António de Sousa, 60 anos, é mãe de Maria Gonçalves, enfermeira, de 46 anos, ambas a responderem à chamada para a segunda dose da vacina AstraZeneca, sem qualquer queixa.
“Vim apanhar a segunda dose, não senti nada [primeira dose], não sei se hoje vou sentir alguma coisa”, disse Teresa António de Sousa, que além da filha tem também um irmão já vacinado, mas conhece quem ainda não tenha apanhado por medo.
“É importante sim [apanhar a vacina], isso vêm mesmo a dizer nas igrejas, para as mamãs apanharem a vacina”, referiu.
Já Maria Gonçalves confirmou ter alguns colegas que até agora ainda não foram fazer a segunda dose, porque na primeira tiveram febres.
“Acho por bem elas virem fazer, porque dessa vez fiz a segunda dose e não tive problemas nenhuns, quando estamos imunizadas há mais vantagens do que se não estivermos, corremos mais riscos”, salientou, apontando a importância de se continuar a cumprir as medidas de segurança.