José Carlos Lourenço, que estava ligado à ZAP desde maio de 2018, refere numa nota interna enviada aos colaboradores da empresa, a que a Lusa teve acesso, que informou os acionistas em fevereiro da sua intenção de não renovação do contrato “por razões de natureza pessoal, familiar e profissional”, assegurando as suas funções na empresa até ao final do próximo mês.
“Desde fevereiro, ainda que de forma discreta, foram tomadas várias iniciativas com vista a uma transição com toda a normalidade, e daqui até ao final de julho outras terão lugar, estas últimas com mais visibilidade, razão pela qual se justifica este anúncio, nesta altura, por forma a que possam ser melhor compreendidas”, salienta na mesma nota.
A empresa, que foi alvo de arresto em dezembro de 2019, juntamente com outros bens e participações de Isabel dos Santos, tem atravessado outras vicissitudes nos últimos meses, tendo assistido recentemente à suspensão do canal Zap Viva por alegadas irregularidades.
Além do Zap Viva, também a Vida TV e a TV Record Africa, ligada à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) foram suspensas, a 21 de abril pelo governo angolano que alegou “inconformidades legais” para tomar a decisão. O Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS) tem, desde essa altura, optado pelo silêncio, escusando-se a apontar datas para o regresso das emissões destes canais ou se a suspensão será definitiva.
A ZAP resulta de uma ‘joint-venture’ entre a empresa de telecomunicações portuguesa NOS (30%) e a SOCIP – Sociedade de Investimentos e Participações, S.A. (100% controlada pela Isabel dos Santos) que disponibiliza televisão por satélite para Angola e Moçambique. O canal ZAP VIVA está disponível em Portugal através da NOS.
A ZAP lançou, no início deste mês, um novo pacote com três canais em estreia, incluindo o SBT, uma das principais cadeias de televisão do Brasil, e vai transmitir em Angola os jogos do campeonato europeu de futebol.
Na nota enviada à empresa, José Carlos Lourenço destaca o lançamento do pacote como um “facto histórico”, por ter sido lançado 11 anos após a criação do negócio e promete mais “novidades” nas próximas semanas.
“Em relação aos outros combates, nomeadamente em relação à suspensão do Zap Viva, continuamos sem desenvolvimentos, mas continuaremos todos a lutar para que no mais curto espaço de tempo possamos voltar ao convívio de todas as famílias angolanas”, sublinha o responsável.
José Carlos Lourenço considera ainda que “a verdade” está do lado da ZAP, o que, juntamente com a “resiliência” da empresa, irá contribuir para "repor a normalidade que nunca deveria ter sido perturbada”.
A Lusa questionou o diretor geral da Zap sobre os motivos da decisão e se já está escolhido um sucessor, mas o responsável remeteu todas as informações para o documento que partilhou com a empresa.