O Unitel Angola Move, que pretende ser também um festival de cinema, foi apresentado hoje em Luanda e prevê premiar anualmente uma obra em cada uma das categorias, com base numa votação mista (votos do público e eleição do júri).
Para o ator Sílvio Nascimento, um dos curadores da iniciativa, o prémio servirá para massificar o cinema angolano e fazê-lo sair do seu estado de letargia cinematográfica, mobilizando os profissionais para correr atrás do reconhecimento
“Agora os angolanos sabem que têm um festival nacional que abrange todos os angolanos e todos vão trabalhar de forma afincada e com orgulho para fazer mais filmes, para contarmos a nossa história”, disse à Lusa o ator, que tem uma vasta lista de participações em filmes, séries e telenovelas.
Sílvio Nascimento foi nomeado por três vezes nos Emmys e venceu o primeiro Globo de Ouro de Angola, na categoria de melhor ator, em 2018.
Nascimento sublinhou que para o setor do cinema em Angola tem sido “muito duro” enfrentar a pandemia, até por que o 'lockdown' (confinamento) da cultura se arrasta há anos.
“É altura de levantar os braços. O teatro, o cinema, a televisão, as artes cénicas e o audiovisual sempre tiveram esse problema da falta de apoio”, notou o ator, elogiando o apoio de privados ao setor, com “valores significativos”.
“É o início de uma caminhada e, se a Unitel entrou, outros mecenas, outros empresários poderão sentir-se também motivados”, exortou.
Sílvio Nascimento lamentou, por outro lado, a falta de apoios públicos: “Temos muitas leis, mas não temos eficácia, nós, como fazedores de cultura, já percebemos que, muitas vezes, estamos sozinhos e já nem vamos pedir a responsabilidade ou o reconhecimento do governo, estamos a fazer por nós e a tentar incentivar outras entidades a cumprir o seu dever legal de apoio à cultura angolana”.
Além de Sílvio Nascimento, fazem também parte da curadoria os atores Miguel Hurst e Joel Benoliel, sendo o júri constituído pela realizadora Maria João Ganga, o realizador, argumentista e profissional de televisão Alberto Botelho, os atores Orlando Sérgio, Lesliana Pereira e Fredy Costa, e o jornalista Walter Cristóvão.
Os candidatos podem apresentar as suas obras até 31 de agosto, só podendo ser submetidos filmes produzidos entre 2019 e 2021.
A melhor longa-metragem recebe um prémio de 13 milhões de kwanzas (17 mil euros), sendo atribuídos cinco milhões de kwanzas (7 mil euros) à melhor curta-metragem, sete milhões de kwanzas (9 mil euros) ao melhor documentário, e ainda dois milhões de kwanzas (3 mil euros) em reconhecimento do teatro.
No dia 08 de outubro será realizada uma gala onde serão conhecidos os vencedores.