A posição foi assumida, em comunicado distribuído à imprensa, pelo Ministério dos Transportes de Angola, recordando que esta parceria, envolvendo um contrato de gestão da TAAG pela Emirates em vigor desde 2015, visava dotar a companhia angolana de uma "gestão profissional de nível internacional, libertando-a de problemas de eficácia e eficiência que vinham persistindo há longos anos".
"Lamentamos a forma brusca e menos flexível como a Emirates pôs fim a uma parceria estratégica que vinha gerando bons resultados, e que certamente geraria resultados ainda melhores ultrapassadas as dificuldades conjunturais. Aliás, cabe assinalar que a Emirates misturou indevidamente dois planos distintos que são a sua operação em Angola enquanto companhia de aviação e o acordo de gestão que rubricou com a TAAG", escreve o ministério liderado por Augusto da Silva Tomás.
A transportadora aérea Emirates anunciou na segunda-feira o "fim imediato" do contrato de concessão para gestão da companhia de bandeira angolana TAAG, face "às dificuldades prolongadas que tem enfrentado no repatriamento das receitas" das vendas em Angola.
Numa declaração enviada à Lusa, a transportadora referia igualmente que está a "tomar medidas no sentido de reduzir a sua presença em Angola" e que reduziria de cinco para três o número de frequências semanais para Luanda.
O próprio ministério reconheceu que, numa carta datada de 09 de julho, dirigida ao ministro Augusto da Silva Tomás, a Emirates informou este desfecho, acrescentando que desta decisão unilateral resultou a "retirada imediata" do país dos administradores que tinha indicado para o conselho de administração da TAAG.
"Tomámos nota da decisão unilateral da Emirates e, naturalmente, procurámos soluções imediatas para a gestão da TAAG. Nesse sentido, o Governo de Angola decidiu pôr fim ao mandato do atual conselho de administração", refere o ministério, numa alusão à nomeação, por decreto presidencial, hoje, de uma comissão de gestão para a transportadora, liderada por Joaquim Teixeira da Cunha, antigo presidente do conselho de administração da companhia.
No entanto, o Governo angolano insisti que a companhia está a relacionar assuntos diferentes, como é caso da falta de divisas para repatriar dividendos em Angola, que afeta todas as companhias que operam no país, e o contrato de gestão da TAAG.
"Atendendo ao facto de estarmos a pouco mais de um mês da realização de eleições gerais em Angola, de onde resultará uma nova legislatura e um novo Executivo, o Governo de Angola decidiu não nomear um novo conselho de administração para a TAAG e, ao invés, nomear uma comissão de gestão, que se encarregará da gestão corrente da empresa", justifica ainda aquele ministério.
Esta comissão de gestão será composta por quatro elementos angolanos, incluindo o seu presidente, e outros três estrangeiros, "exatamente os mesmos três ex-administradores executivos que tinham sido indicados pela Emirates" e que entraram com o presidente do conselho de administração agora cessante, o inglês Peter Hill.
"Estes executivos estrangeiros aceitaram continuar a servir a TAAG, mas agora contratados diretamente pelo Governo angolano, o que prova a confiança que têm no Governo angolano, na TAAG e no seu projeto de reestruturação e desenvolvimento", lê-se no comunicado.
O Ministério dos Transportes garante que os objetivos traçados no final de 2014 para a TAAG "mantêm-se", nomeadamente elevar os padrões de operacionalidade e segurança, melhorar o serviço prestado e sanear financeiramente a transportadora, através de um "maior rigor em todos os processos de controlo", reduzindo os custos de operação da TAAG e aumentando a sua rentabilidade.
"Mantém-se também o plano de negócios que foi desenhado", sustenta o Ministério dos Transportes.