Numa nota divulgada no seu ‘site’, o regulador angolano adverte que a Xtagiarious Finance não está habilitada a exercer as atividades supervisionadas pelo BNA, nomeadamente prestação de serviços de pagamentos, captação de depósitos e aplicações monetárias e outras atividades reservadas às instituições financeiras bancárias.
“Apelamos às instituições financeiras bancárias e ao público em geral que se abstenham de estabelecer qualquer relação de negócio com a mesma, bem como aos seus promotores de se absterem de praticar qualquer ato passível de ser qualificado como contravenção muito grave, prevista e punível” nos termos da Lei do Regime Geral das Instituições Financeiras, avisa o BNA.
A empresa financeira, liderada pelo empresário angolano Edson de Oliveira, apresentou-se em abril deste ano à Forbes Angola como uma ‘start-up’ avaliada em mais de 4 mil milhões de kwanzas.
“Trata-se da Xtagiarious Finance, fundada em 2013 por Edson de Oliveira, e que hoje emprega diretamente 128 jovens e outros 30 de forma indireta e vale mais de 4 mil milhões de kwanzas”, revelava a Forbes.
O empreendedor disse à revista que tudo começou com um grupo de quatro amigos que criaram uma revista digital há oito anos, com temas ligados à moda, ‘hip hop’ e negócios, que evoluiu depois para a prestação de serviços ao setor financeiro.
Edson de Oliveira afirmou à Forbes que os clientes que aplicam o seu capital na Xtagiarious Finance ganham 10 a 15% de rendimento mensal durante quatro meses, sendo que o quinto mês é o período de carência e no sexto recebem de volta o valor aplicado inicialmente.
A página da rede social Facebook da empresa apresenta também uma entrevista de Edson de Oliveira à RTP África onde este justificava alguns atrasos nos pagamentos dos reembolsos dos clientes, depois de terem surgido informações associando a Xtagiarious Finance a burlas.
“Em pouco mais de dois meses estaremos com a situação toda regularizada em função deste novo parceiro da banca que nos abriu as portas. Retiramos muito aprendizado destas últimas duas semanas de reclamação, conhecemos melhor nossos clientes e suas necessidades, reações, melhorou-se as questões ligadas às mais distintas áreas afetas à reclamação e reembolsos e trabalhamos na postura dos próprios colaboradores da empresa”, referiu o presidente da Xtagiarious Finance.
Numa publicação de 29 de julho de 2021, a Xtagiarious Finance anunciava também que iria processar um cliente que acusou a empresa de burla devido a atrasos no reembolso por “injúria e difamação”.
Nesta página, a empresa publicita também várias ações solidárias e parcerias com bancos e menciona igualmente a visita do comandante municipal de Viana da Polícia Nacional, subcomissário Chefe Gabriel Capusso, à empresa, que terá elogiado o impacto que “tem tido no combate à fome, à pobreza, desemprego e consequentemente à criminalidade”.
A Xtagiarious Finance refere ainda que neste encontro foi abordada a insatisfação de alguns clientes devido ao atraso, considerando que estes “procuram ter um comportamento não digno como dirigir ofensas morais, criar pânico e instalar o caos dentro da instituição, atitude esta de todo reprovada por conta de termos um contrato”.
Segundo a Extagiarious Finance o atraso “é previamente acautelado no ato da assinatura do contrato de adesão do serviço”.
“Estamos a trabalhar de forma a mitigar os riscos da operação e dinamizar os reembolsos dos nossos clientes, pelo que apelamos paciência e ponderação nas reações sobre o atraso, pois para além de gestores dos vossos ativos, somos parceiros e estamos aqui para salvaguardar os vossos interesses financeiros”, salienta a empresa.
A Lusa tentou contactar a empresa através do número de telemóvel disponibilizado na página de Facebook, mas sem sucesso.