Segundo o diretor do Gabinete de Comunicação Institucional e de Imprensa do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, superintendente Nestor Goubel, a ocorrência chegou ao conhecimento das autoridades, na tarde de domingo, por meio de uma denúncia anónima.
Nestor Goubel disse que se trata de um crime de tráfico de pessoas, maus-tratos e exploração de menores, em que foram vítimas cinco crianças, três do sexo masculino e duas do sexo feminino, entretanto, recuperadas e entregues às autoridades.
"Segundo as informações que chegaram até nós, foi um indivíduo, o autor moral, Zacarias Roberto, de 40 anos, que recrutava, com a cumplicidade das mães das crianças, no mercado do 30, município de Viana, crianças com o objetivo de mendicidade, ou seja, as mães cediam as crianças para elas depois irem para a rua praticar a mendicidade, pedir esmolas e outras práticas", referiu.
O responsável salientou que no final do dia era feita a divisão dos valores.
"É uma prática que já vinha a realizar há algum tempo, com a cumplicidade das próprias famílias, tanto é que temos aqui detidas, além do autor moral, quatro mães, presumíveis coautoras destes crimes", frisou.
Nestor Goubel informou que os menores foram dirigidos para um centro de acolhimento em Viana, com a colaboração do Ministério da Ação Social, Família e Promoção da Mulher.
O porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional avançou que "em determinadas comunidades assiste-se muitas vezes crianças na rua, a pedirem esmola em determinadas artérias, crianças essas que podem ser instrumentalizadas por adultos".
"Estamos aqui em presença da prática do crime de tráfico de pessoas, previsto e punível no Código Penal em Angola e o apelo que fica do comando provincial de Luanda é que é preciso que haja a cultura da denúncia, repare que chegamos até ao esclarecimento deste crime, a detenção do presumível autor por via da denúncia de um indivíduo anónimo", acrescentou.
De acordo com Nestor Goubel, "é muito importante" a denúncia, "porquanto algumas famílias estão a usar as crianças para estes fins de mendicidade, de recolha de dinheiros e outras coisas, até mesmo de prostituição".
"O apelo que fica aqui é que na sua comunidade fique atento, sempre que reparar mesmo na via pública crianças - muitas vezes elas dão até alguns sinais, porque ficam tensas, porque são coagidas a fazer este trabalho. O autor moral coagiu inclusive, sob ameaça, a própria mulher a participar deste esquema", informou.