A sessão foi aberta cerca de dez minutos após a hora marcada para o seu início (10:30), devido a questões organizativas, tendo o juiz do caso, Tutti António, questionado a ausência do arguido Rodrigo César Ferreira do Carmo, pastor brasileiro, um dos cinco arguidos do processo.
Em resposta, a defesa explicou que o mesmo se encontra ausente do país, no decurso das expulsões realizadas pelas autoridades angolanas de um grupo de pastores e bispos brasileiros convidado a abandonarem o território nacional.
Ouvida a acusação, que defende a continuação do julgamento com a proposta de uma separação de culpa, e a defesa, que defende a suspensão do julgamento, o tribunal decidiu pela continuação do mesmo.
Em causa estão crimes de associação criminosa e branqueamento de capitais.
Ainda durante as questões prévias, a acusação, liderada por David Mendes, comentador da TV Zimbo e deputado independente, depois de ter abandonado o grupo parlamentar do maior partido da oposição angolana, UNITA, disse ter sido atacado por um dos arguidos, o bispo brasileiro Honorilton Gonçalves, que foi chamado de "criminoso", tendo suscitado gargalhadas da parte da defesa e dos arguidos.
Sobre esta questão, o juiz pediu que se retratassem perante o advogado, aconselhando-o ainda a apresentar queixa à polícia caso considere necessário.
O referido episódio, que mereceu a intervenção da polícia e de oficiais do tribunal, terá ocorrido à chegada ao tribunal do advogado, que, numa outra versão, se terá sentido ofendido quando o bispo brasileiro se dirigiu a si para o saudar.
O julgamento em que estão presentes quatro arguidos, dois brasileiros e dois angolanos, decorria ainda em fase da "maratona de questões prévias", como classificou o próprio juiz, pelas 13:20, numa sala cheia e sem ar condicionado do Tribunal Provincial de Luanda (TPL), no centro de Luanda.
O bispo brasileiro Honorilton Gonçalves da Costa, antigo responsável espiritual da IURD em Angola e Moçambique, é um dos arguidos neste processo e que já chegou ao tribunal de Luanda.
São igualmente arguidos, o bispo António Miguel Ferraz, presidente do Conselho de Direção da IURD (ala brasileira), e os pastores Belo Kifua Miguel e Fernandes Henriques Teixeira, antigo responsável da TV Record Africa, cujas emissões em Angola, bem como de outros dois canais, estão suspensas desde abril, por decisão do Governo angolano, que alegou irregularidades administrativas.
A IURD em Angola está atualmente dividida em duas igrejas, com o mesmo nome, alegando ambas serem as legítimas representantes da seita fundada pelo brasileiro Edir Macedo: a ala brasileira, liderada pelo angolano, Alberto Segunda, e a ala reformista angolana, encabeçada por Valente Bezerra Luís, legitimada pelo Governo angolano, que considera ilegal o corpo diretivo de Alberto Segunda, que assumiu funções no mês passado, decorrendo vários processos em tribunal relacionados com a disputa.