O anúncio foi feito hoje pelo ministro dos Transportes, Ricardo d’Abreu, após a cerimónia de entrega dos dois catamarãs que foram construídos pela China Sonangol, ligada ao ex-vice-Presidente e patrão da Sonangol Manuel Vicente, e recentemente recuperados, a par de outras embarcações, através de um mecanismo de compensação de créditos, já que o grupo não tem liquidado a dívida com a petrolífera angolana.
Entre os meios recuperados estão seis catamarãs que o Presidente da Sonangol, Gaspar Martins, disse terem sido transferidos para o Ministério dos Transportes, porque “este departamento ministerial está em melhores condições de os colocar ao serviço da população”.
Ricardo d’Abreu disse aos jornalistas que já há planos para os catamarãs, que deverão entrar ao serviço ainda nesta quadra festiva, assegurando travessias entre Luanda e a ilha do Mussulo, uma zona atualmente servida apenas por embarcações precárias.
As embarcações que a Sonangol recuperou “têm caraterísticas para uso comercial de transporte de pessoas e podem servir para algumas travessias na cidade de Luanda que hoje são desenvolvidas com padrões de segurança muito baixos”, afirmou o ministro, acrescentando que “eventualmente será uma oportunidade para garantir a formalização desta atividade”.
“Temos neste momento infraestruturas terrestres, temos os terminais do Kapossoca, do Museu da Escravatura, do Macoco e do Mussulo e esses terminais podem servir de suporte a estas instalações nas travessias que se desenvolvam nestas áreas”, adiantou.
O governante abordou também o uso de embarcações noutras travessias como o caso do Soyo (Zaire) e de Cabinda, bem como nas províncias de Benguela e do Namibe.
“Vai ser feito um plano de operacionalização e comercial para colocar estas embarcações ao serviço das populações” em função das suas diferentes caraterísticas.
O ‘ferryboat’ de Cabinda vai transportar pessoas e carga, incluindo veículos, entre Luanda Soyo e Cabinda, devendo o projeto de cabotagem norte arrancar no final de 2021, início de 2022, logo que estejam concluídas as infraestruturas necessárias à sua operacionalização.
“Pensamos iniciar o transporte de passageiros em janeiro de 2022 e, depois, até ao final do primeiro trimestre avançar com os serviços de carga”, disse.
Ricardo d’Abreu indicou que há outras embarcações que, eventualmente, vão também servir para o transporte de passageiros entre Luanda, Soyo e Cabinda.
“Temos de elaborar um plano de operacionalização desta frota, de forma economicamente sustentável, para que possamos pôr os meios ao serviço da população e que isso não represente mais custos para o executivo”, disse, sublinhando que é preciso garantir também que estão em condições adequadas e com pessoal formado para esse efeito.
Segundo Gaspar Martins, os seis catamarãs recuperados pela Sonangol têm capacidade para acomodar 350 passageiros, cada um.
“O ato que ora testemunhamos, é o culminar de um trabalho árduo de equipa, e estamos orgulhosos por termos conseguido assegurar a recuperação destes ativos, que serão sem dúvida de grande valia para o país”, frisou, na cerimónia.
O presidente da Sonangol referiu que foram entregues à petrolífera 33 barcos patrulha e um iate, que constituem os meios marítimos, escusando-se a detalhar se há mais bens na mira da recuperação de ativos da Sonangol.