Segundo o bispo Valente Bezerra Luís, eleito presidente do Conselho de Direção da IURD depois da rutura com o Brasil e divisão da igreja, em 2019, o processo decorre desde o dia 02 deste mês e terá a duração de 15 dias.
O bispo referiu que, tendo em conta o aproximar do fim do julgamento do caso IURD que decorre em Luanda, prevê-se a abertura dos templos encerrados em consequência do processo, pelo que é necessário a atualização dos integrantes da igreja.
“Vendo como está o caso no tribunal, nos próximos dias teremos já a sentença, não há necessidade de continuarmos a ter duas alas, a brasileira e a angolana”, disse o bispo, realçando que o grande objetivo é a união para um trabalho em comum.
“Até porque somos servos e homens de Deus. Acredito que aquele conflito que houve deve ficar no passado, o que nós devemos fazer é nos unirmos e podermos trabalhar, porque, de certeza, depois da sentença vai ordenar-se a abertura das igrejas”, frisou.
Nesse sentido, prosseguiu Valente Bezerra Luís, foi emitido um comunicado para aqueles pastores que, durante o período de conflito diziam não reconhecer esta liderança, comparecerem aos locais indicados para realizarem o seu cadastro.
“O objetivo é nós termos a lista de todos os pastores, mesmo aqueles que ainda dizem que não se reveem na nossa liderança, depois, tendo essa lista, obrigatoriamente apresentá-la ao INAR [Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos] para ter conhecimento dos pastores que fazem parte da IURD em Angola”, disse.
De acordo com o líder da IURD Angola, os pastores que não constarem da referida lista para o INAR, estão proibidos “em qualquer momento, ou na província ou no bairro onde estiver, falar em nome da IURD, porque não é pastor da IURD”.
Além do controlo do atual número de pastores, Valente Bezerra Luís sublinhou que o grande objetivo deste ato é “chamar os irmãos” para se unirem e trabalharem.
Uma tentativa de reconciliação aconteceu no dia 22 de janeiro deste ano, com a realização de um encontro entre as partes, informou o bispo.
“Nós também tentámos marcar um encontro, que se realizou com o bispo Ferraz, o bispo Mendes e o bispo Felner Batalha do nosso lado, e a conversa que tivemos é que temos que reconciliar a igreja, mas os nossos irmãos insistem que, para poderem fazer parte da nossa liderança, tem de ser o bispo Edir Macedo o líder espiritual, caso contrário, não concordam. Então, vamos respeitar a decisão deles, mas eles não podem falar pelos outros, eles falaram por eles”, avançou.
No referido encontro, segundo Valente Bezerra Luís, não compareceu o bispo Alberto Segunda, que delegou em seu lugar o bispo António Miguel Ferraz, reiterando que pastores e bispos que estiverem interessados em fazer parte da sua liderança são bem-vindos.
“Infelizmente não apareceu e delegou no bispo Ferraz”, lamentou, acrescentando que quem não responder à chamada não pode se considerar pastor da IURD “porque está mais do que claro que aqui em Angola só existe uma única liderança”.
Na ordem de serviço, é sublinhado que todos os bispos e pastores da IURD Angola devem proceder à atualização do seu cadastro pastoral para efeito de emissão da respetiva credencial de ministro de culto em efetivo serviço da missão eclesiástica da IURD em todo o país.
“Findo o referido prazo, serão aplicadas medidas disciplinares a todos os incumpridores, que poderá culminar com a respetiva desvinculação compulsiva do clero pastoral da IURD Angola”, lê-se no anúncio.
Em novembro de 2019, um grupo de mais de 300 pastores angolanos da IURD subscreveram um manifesto em que renunciavam integrar a igreja, criada no Brasil pelo bispo Edir Macedo, com a direção brasileira, originando a separação da organização religiosa.
No manifesto, a direção brasileira era acusada de atos de racismo, evasão de divisas, procedimento obrigatório de vasectomia.
Na sequência das acusações mútuas, a justiça angolana abriu um processo e ordenou o encerramento dos templos, acusando bispos e pastores de crimes de associação criminosa, fraude fiscal, exploração ilegal de capitais, estando o julgamento deste caso a decorrer em Luanda desde o dia 18 de novembro de 2021.
Em 2020, o INAR legitimou o bispo Valente Bezerra Luís como representante da IURD em Angola e em fevereiro de 2021, o mesmo foi eleito em assembleia-geral líder da IURD Angola, pondo fim à comissão de reforma.
Esta direção é considerada ilegítima pela direção do bispo Alberto Segunda, eleito em maio de 2021 como novo líder espiritual e presbítero geral da IURD em Angola, em substituição do bispo brasileiro Honorilton Gonçalves, que se encontra a ser julgado, com os coarguidos António Miguel Ferraz, vice-presidente, e os pastores Belo Kifua Miguel (angolano) e Fernandes Henriques Teixeira (brasileiro).
São acusados, entre outros, dos crimes de associação criminosa e branqueamento de capitais.