Segundo o subcomissário Mateus Rodrigues, os suspeitos atuavam de forma premeditada e organizada, tendo as detenções ocorrido na sequência de várias denúncias feitas nas redes sociais e participações das vítimas nos piquetes de polícia.
“Apesar de as vítimas serem maioritariamente da província de Luanda, os malfeitores identificavam alvos em todo o país, fazendo recurso às redes sociais e a chamadas telefónicas dirigidas ou aleatórias”, referiu o porta-voz da Polícia angolana, salientando que os suspeitos “propunham, de maneira aliciante, coisas que rapidamente despertavam o interesse das pessoas alvo da burla”.
De acordo com Mateus Rodrigues, os detidos criavam perfis falsos na rede social Facebook, fazendo-se passar por amigos de pessoas influentes ou mesmo de pacatos cidadãos, trocando mensagens, solicitando ajuda às pessoas, que julgavam estar a falar com amigos, que podiam chegar aos 2,4 milhões de kwanzas (5.124 euros).
“Faziam crer estarem muito aflitos com alguma preocupação que emocionava os “amigos”, que, na verdade, estavam a ser vítimas de um crime de burla. As vítimas comovidas com a situação dos falsos amigos faziam transferências bancárias e só mais tarde se davam conta de que foram burladas”, adiantou.
Um outro mecanismo usado pelos suspeitos, também com recurso a perfis falsos no Facebook, associados a "mulheres, jovens com boa aparência e porte físico atraente”, era seduzirem as vítimas, passando a trocar mensagens com expressões de cariz sexual, bem como a troca de fotografias íntimas entre ambos.
“De seguida faziam chamadas telefónicas às vítimas, fazendo-se passar por familiares de uma suposta menor de idade que estava a ser seduzida por alguém maior de idade, exigindo, a título de indemnização, avultadas somas em dinheiro pelos danos de violência psicológica e assédio sexual, caso contrário, publicariam as fotos íntimas ou apresentariam queixa à Polícia”, realçou.
Mateus Rodrigues sublinhou que outra forma de operarem era através de telefonemas a várias pessoas, prometendo emprego, fazendo com que “de forma ardilosa” as vítimas caíssem na armadilha, efetuando transferências bancárias de valores monetários que variavam entre 100.000 kwanzas (213 euros) e 700.000 Kwanzas (1.494 euros).
Durante a detenção, a polícia apreendeu 18 telemóveis de diversas marcas e um cartão multibanco, que usavam para engendrar as ações criminosas.
Mateus Rodrigues informou, no ato de apresentação dos elementos à comunicação social, que as detenções decorreram ao abrigo de dois mandados de detenção, decorrentes de dois processos-crimes, relacionados com crimes de coação, burla qualificada e associação criminosa.
Uma equipa de investigadores afetos à província de Cabinda, onde habitualmente residem os suspeitos, comandou a operação de detenção dos suspeitos.
Os 13 elementos foram detidos na província de Cabinda, tendo o Ministério Público ordenado o seu encaminhamento e dos meios apreendidos para Luanda, onde correm os trâmites legais dos dois processos-crimes, aliado ainda ao facto de os queixosos terem feito a participação na capital do país.