Segundo a ativista Laurinda Gouveia, na segunda-feira foi submetida ao Governo Provincial de Luanda a carta que dá a conhecer às autoridades a intenção, sendo hoje o último dia para uma resposta ao documento, em caso de rejeição.
“O Governo tinha que nos responder até hoje. Se não respondeu é porque não há nenhum inconveniente, logo, não temos necessariamente que ver um plano B, e porque o local que escolhemos para a concentração não tem sido comum”, referiu Laurinda Gouveia, uma das ativistas envolvidas no processo que ficou conhecido como os "15+2", de 2015.
A manifestação tem como local de concentração o largo das Heroínas, tendo como destino final o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos.
Laurinda Gouveia frisou que a marcha tem como principal objetivo chamar atenção das autoridades para a libertação de presos políticos e o respeito pela vida das 'zungueiras' (vendedoras ambulantes).
“Há um mês foi morta uma 'zungueira' pela polícia e as perseguições a estas senhoras continuam, elas que buscam as ruas para poderem buscar dignidade, algo para os seus filhos, o que o nosso Governo não dá", salientou a ativista, que acrescentou que a manifestação também pretende exigir a "libertação dos companheiros que estão presos até ao momento”.
A ativista citou o caso de 'Tanaice Neutro', que se encontra doente e supostamente sem tratamento médico, e de 'Zecamutchima', condenado e a cumprir a pena na província de Benguela.
O ativista Gilson da Silva Moreira, conhecido como 'Tanaice Neutro', foi condenado a um ano e três meses de prisão, com pena suspensa por dois anos, pela prática do crime de ultraje contra o Estado, seus símbolos e órgãos.
'Tanaice Neutro' foi condenado por ter insultado o Presidente da República, João Lourenço, e efetivos da Polícia Nacional, em vídeos que gravou e partilhou nas redes sociais.
Já o ativista José Mateus 'Zecamutchima', líder do Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe, foi condenado a quatro anos e meio de prisão pelos crimes de associação criminosa e incitação à rebelião, devido a incidentes registados em Cafunfu, província da Lunda Norte, na sequência de uma manifestação.
Os ativistas esperam mobilizar um grande número de pessoas, especialmente 'zungueiras', “apesar do contexto, em que as pessoas estão cheias de medo de reivindicarem algum direito que seja”.
“Apesar de que até agora o direito à manifestação não é uma cultura, principalmente para este grupo vulnerável que são as 'zungueiras', porque elas preferem estar a vender que fazer uma manifestação, por entenderem que com uma manifestação não levam comida para casa”, reconheceu.
A polícia angolana tem reprimido ou travado, nos últimos tempos, todas os protestos convocados por ativistas, que não têm conseguido concentrar-se nos locais previstos.