Os temas, sobretudo o aumento da gasolina devido à retirada parcial das subvenções aos combustíveis, têm suscitado, nos últimos dias, protestos e confrontos com a polícia em várias províncias angolanas, que resultaram em pelo menos cinco mortos e dezenas de feridos e detidos.
Um manifesto que está a ser divulgado na página de Facebook da organização cívica Mudei apela à “solidariedade social” e à cidadania sob a forma de ações coletivas para combater as “injustiças” que consideram estar a afetar várias classes.
“As zungueiras [vendedoras ambulantes] estão impedidas de zungar, os taxistas não receberam a isenção anunciada ao aumento do preço da gasolina (o que terá efeitos na vida de todos nós), os professores e os médicos continuam sem ter resposta às suas reivindicações de muitos anos, os profissionais da comunicação social sofrem censura e outros tipos de pressão, os trabalhadores vão ser impedidos de exercitar o seu direito à greve e mesmo os polícias e agentes da autoridade recebem ordens que os colocam entre a espada e a parede, obrigados a violar o seu juramento de defender a legalidade e a democracia, por medo de perderem os empregos”, lê-se no manifesto.
A mesma nota destaca a “crise humanitária à escala nacional” apontando a “omissão” do Estado angolano “que recorre à repressão e à violação explícita de direitos fundamentais quando as vozes cidadãs se fazem ouvir”.
Em causa está também o novo regulamento das Organizações Não Governamentais (ONG) que “para além de inconstitucional, vai reprimir, asfixiar e, eventualmente, extinguir as múltiplas organizações cívicas que, em Angola, trabalham onde o executivo se demite das suas responsabilidades e obrigações”, refere.
“Na falta de Estado, sejamos sociedade: vamos à luta por todas e por todos, nas ruas, com buzinas, com cartazes, com música, com paz, mas firmes na defesa dos nossos direitos”, apela o manifesto.
O apelo tem estado também a ser divulgado pelo ativista Gangsta, que tem partilhado ativamente nas suas redes sociais a convocatória, pedindo o envolvimento de todo,
Dito Dali é outro dos ativistas conhecidos que partilhou o cartaz da “convocação geral” que fala em “32 milhões de angolanos na rua” para “travar os abusos de João Lourenço”.