O plano de reordenamento do comércio em Luanda, promovido pelo Governo desta província, levou ao encerramento de dezenas de armazéns, há quase um mês, na zona urbana e periurbana de Luanda, motivando a indignação das 'zungueiras' (vendedoras ambulantes), que protestaram contra a medida na baixa da capital angolana.
Hoje, o ministro Vítor Fernandes aplaudiu a medida: “Não temos dúvidas de que precisamos de reorganizar a nossa atividade comercial”, disse, durante um encontro com os jornalistas.
“Ninguém, entre nós, prefere a confusão comercial que temos, preferimos que não haja confusão”, salientou, referindo que o encerramento de estabelecimentos comerciais é parte deste processo, criticado por operadores que se queixam de “grandes perdas”.
“O que aconteceu agora não creio que tenha sido tão disruptivo assim, é óbvio que quem está no negócio prefere nunca fechar, mas tenho nota de que já começaram a reabrir os armazéns e não me parece que isso seja problema nesta fase”, notou.
A zona comercial do São Paulo, zona preferencial de milhares de 'zungueiras, no distrito do Sambizanga, do Hoji-Ya-Henda, município do Sambizanga, Gajajeira, e mercado das Pedrinhas, distrito do Rangel, são algumas das zonas onde foram encerrados vários armazéns.
Segundo as autoridades, a medida visa travar igualmente a venda desordenada, sobretudo na via pública.
Vítor Fernandes, que falava no espaço “Diálogo com o Ministro”, referiu igualmente que a lei das atividades comerciais “estabelece muito claramente que não se pode ter venda à grosso nos espaços urbanos”.
O processo conta “felizmente, com muita cooperação dos operadores do setor comercial e os espaços urbanos devem absorver apenas o comércio a retalho”, assinalou.
O balanço das ações desenvolvidas pelo Ministério da Indústria e Comércio em 2022 e do primeiro trimestre de 2023 nortearam a comunicação do titular do departamento ministerial.
Sobre a problemática da importação de produtos da cesta básica, o governante salientou que Angola consome muito óleo alimentar, defendendo a necessidade de se importar apenas a matéria-prima para a consequente refinação local.
A capacidade industrial instalada para a produção de óleo alimentar, “por exemplo, é superior à necessidade do mercado", disse, considerando: "Agora o que temos de fazer é pegar nessa capacidade instalada e forçá-los a produzir cá".
“Aliás, isto que estou aqui a dizer é um problema, porque a importação é ainda muito grande, porque nós na verdade não tínhamos essa capacidade instalada e precisámos de diminuir a capacidade de importação”, concluiu.